“Eu sou o caçador de prefeitos corruptos”. A frase é do novo promotor de justiça da Comarca de Barra Velha, Renato Maia de Faria, que desde 11 de abril atua na 2ª Promotoria de Justiça – que, entre outras atribuições, é responsável pela área da Moralidade Administrativa. Ele foi transferido da cidade de Canoinhas e esteve à frente da Operação “Et Pater Filium”, que rendeu a condenação centenária de prisão por fraude a licitação, peculato e lavagem de dinheiro ao ex-prefeito de Major Vieira, Orildo Antonio Severgnini.
A remoção para a Comarca do litoral foi autorizada em 7 de abril. O promotor iniciou suas atividades em Barra Velha dia 11 do mesmo mês. Segundo do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), neste momento, ele usufrui de licença paternidade, concedida no último dia 13 – com previsão de retorno no próximo dia 4 de julho. Durante este período, a promotora responsável pela 1ª Promotoria, Tehane Tavares Fenner, responde pelas ações da 2ª Promotoria, que também atende a cidade de São João do Itaperiú.
Em Barra Velha, o promotor é o responsável pelas áreas Criminal, Execução Penal, Moralidade Administrativa, Tutela Difusa da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial. Renato Maia de Faria também é coordenador regional do Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) de Joinville – situação que o manterá conectado à “Et Pater Filium”. No mês de maio, recebeu da Câmara Municipal de Canoinhas o título de Cidadão Honorário do Município por seu empenho frente o combate à corrupção. Ao receber a honraria, discursou: “brincam, né? O Doutor Renato é o caçador de prefeitos. Eu sou o caçador de prefeitos corruptos. Prefeitos honestos não têm nada a temer de mim e do Ministério Público”.
Apesar de encabeçar a “Et Pater Filium” e confirmar um carrossel de conchavos nas administrações municipais da região onde atuava – operação que nasceu da descoberta da ligação próxima entre empresários e funcionários públicos para direcionar as contratações públicas, a maioria no ramo de construção civil, para empresas parceiras em troca do pagamento de vantagens ilícitas aos agentes públicos, causando danos milionários aos entes públicos – o promotor afirma que “o trabalho feito pela política é fundamental. Nós não podemos, nunca, demonizar a boa política”.
Ainda em seu discurso, em Canoinhas, o promotor reconheceu que o ser humano comete falhas e que não espera atos perfeitos, mas não abre mão de certos valores. “Não estamos aqui para procurar erros no trabalho. Todo mundo erra […] Eu erro muito […] Nós estamos aqui para buscar honestidade, caráter, coisa que nós aprendemos no berço. A gente sabe o que é certo”.
Em 31 de julho de 2020 foi deflagrada a primeira fase da operação. Três meses atrás, após novas descobertas ao longo das investigações, a “Et Pater Filium” chegou a sua sétima fase – rendendo a prisão do prefeito e vice da cidade de Canoinhas, em 29 de março. Gestores públicos e empresários da cidade de Bela Vista do Toldo também são investigados. A expressão em latim – Et pater filium – remete ao fato de estarem associados para o cometimento dos atos de corrupção duas duplas de pai e filho, empresários, de um lado, e funcionários públicos, de outro.