Penha iniciou na noite de quinta-feira, 17, uma discussão que poderá resultar em um plebiscito para mudança de seu nome. Em audiência pública, agentes políticos e sociedade debateram a temática que, a partir de agora, avançará através de uma Comissão Provisória que definirá pela possibilidade da realização de consulta pública sobre um novo batismo. Balneário de Penha é uma das opções, apesar de não ser unanime entre os participantes da audiência, com foco essencial no fortalecimento turístico.
“A discussão é necessária para atender o interesse do trade turístico, bem como verificar se é de interesse dos nossos munícipes esta alteração. A discussão deverá ser iniciada para verificar eventuais benefícios que a mudança irá trazer para os eventos turísticos. Destaca-se ainda que, caso não haja interesse na alteração, a manutenção do nome atual deve ser mantido, cabendo a população e os interessados esta escolha”, afirmou o vereador e autor da proposta para mudança do nome, Adriano de Souza (PSDB).
A mudança busca uma maior associação direta da cidade com o mar. Nessa vertente, o secretário de Turismo de Penha, Cleber Neumann, narrou que “a discussão é um debate de ideias, onde as pessoas têm a possibilidade de colocar seu ponto de vista”. A alteração do nome tem interesse direto do trade turístico, sob a alegação de que, nesse momento, a associação da cidade se faz ao maior parque temático da América Latina, o Beto Carrero World, e não às praias e demais riquezas culturais da cidade.
Tamanha riqueza, fez o nome Balneário de Penha não ser unanimidade na discussão. O superintendente da Fundação Cultural de Penha, Eduardo Bajara, enalteceu a história da cidade e pediu prudência na escolha. “Um povo que não valoriza sua história é fadado ao esquecimento […] Não tenho nada contra o nome Balneário, penso sim que pode alavancar o turismo, mas há que se pensar o que vem após o Balneário”, opinou ele, reforçando as origens formadoras da cidade.
O historiador e escritor de Penha, Cláudio Bersi de Souza, se manifestou contrário à mudança. Nas redes sociais, por meio de postagens em seu Facebook, ele resgatou que “o nome Penha completa 200 anos logo em 2025. Não deixe mudar” e que “Penha tem 19 praias balneárias – cada uma com seu nome e endereço. Não é possível reduzir em um só Balneário”. “Não se muda nome de batismo. Penha é original”, categorizou Bersi.
LONGA DISCUSSÃO ATÉ UM PLEBISCITO
A audiência resultou no lavramento de ata e criação de uma comissão – que pelos próximos 90 dias irá colher dados sobre um futuro plebiscito para mudança do nome. Ela é formada por membros do Legislativo, Executivo e sociedade civil organizada, que irão ampliar a discussão antes de buscar a votação popular.
“Deixar muito claro que o objetivo nessa noite é fazer uma grande audiência pública e ouvir, quem de fato, trabalha com o turismo na nossa cidade […] Hoje, não vamos votar nada. A gente precisa de um grande debate e não é somente através de uma audiência pública que vamos decidir pelo futuro da nossa cidade”, afirmou o vereador Adriano.
O secretário de Administração e Fazenda, Eduardo Bueno, ressaltou a importância da discussão e reforçou que “não vai ser do dia para a noite que o nome será mudado. Há uma cultura, a Penha é uma cidade muito rica em cultura, em história. Essa mudança não pode trazer prejuízo à população […] Em nome do Governo, eu digo que essa audiência é muito válida para ouvir a opinião da sociedade sobre essa mudança” – Duda
PLEBISCITO EM PIÇARRAS
Por iniciativa do então vereador Ivo Álvaro Fleith, Piçarras realizou em 4 de abril de 2004 um plebiscito para saber a opinião da população sobre a mudança para Balneário Piçarras. A votação foi apertada. Dos 8.821 eleitores aptos ao voto, 4.830 compareceram as urnas. Foram 2.526 votos favoráveis à mudança e 2.238 contrários. 51 pessoas votaram em branco e 15 anularam. O nome Balneário Piçarras passou a vigorar em 1º de julho de 2004.