A Câmara de Vereadores estuda projeto de decreto para conceder o título de cidadão honorário do município de Balneário Piçarras à Jules Marcelo Rosa Soto – mentor, fundador, coordenador e curador geral do Museu Oceanográfico Univali, o maior Museu Oceanográfico das Américas. A proposta foi lida durante a sessão ordinária da última terça-feira, 24.
A honraria máxima é assinada pelos parlamentares Ademar de Oliveira (PSD), Domingos Ignácio (Progressistas), Maikon Rodrigues (PSDB) e Roberto Florindo (PSD). “Em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados ao nosso Estado e a este Município”, pontuam.
“Reconhecendo sua notável dedicação e contribuição para a ciência, a preservação da vida marinha e a cultura de nossa comunidade. Jules Soto é um exemplo inspirador de como a paixão pode conduzir a realizações significativas”, acrescentam eles. Jules é graduado em Geografia e Mestre em Gestão de Políticas Públicas pela UNIVALI.
Questionado sobre a importância de tal homenagem, Jules disse se sentir “honrado e reconhecido! Balneário Piçarras é onde depositei o sonho do Museu Oceanográfico, o qual iniciei com apenas 5 anos de idade e para qual dediquei, dedico e dedicarei a minha labuta diária até quando Deus permitir”.
JULES MARCELO ROSA SOTO
É natural de Caxias do Sul (RS), nascido em 28 de abril de 1970. Além do Museu Oceanográfico, também é presidente do Instituto Cultural Soto, membro de diversas organizações internacionais relacionadas à pesquisa marinha, consultor técnico do IBAMA/ICMBio e tem vasta experiência em museologia, aquariofilia, história naval, paleontologia e biologia marinha. Sua contribuição inclui a descrição de novas espécies marinhas e projetos em diversos países.
A história de vida de Jules Marcelo Rosa Soto é marcada por uma paixão desde a infância que o levou a se tornar um respeitado museólogo e defensor da vida marinha. A jornada de Jules começou aos 5 anos, quando ele colecionou sua primeira peça, uma modesta conchinha, na areia. Esse gesto simples de guardar a concha foi o marco inicial de sua jornada como colecionador e museólogo.
Desde essa idade, Jules tinha o hábito de guardar objetos que despertavam seu interesse. No entanto, quando tinha doze anos, sua mãe o confrontou, dando-lhe um ultimato: ele deveria se desfazer de suas coleções ou encontrar outro lugar para guardá-las. Nesse momento, Jules tomou uma decisão significativa: doou tudo o que tinha coletado para museus, exceto os espécimes marinhos, pois sua paixão pela vida marinha era inabalável.
Essa paixão por espécimes marinhos logo se tornou o cerne de sua vida. Jules cresceu na cidade de Caxias do Sul, mas sua ligação com o mundo marinho começou quando ele encontrou sua primeira concha em Porto Alegre. A partir desse momento, sua vida se entrelaçou com o mar, e ele se dedicou à leitura e ao estudo da vida marinha, mesmo durante o ensino médio.
Sua devoção à vida marinha o aproximou dos cientistas e museus de Porto Alegre, onde admirava o trabalho de renomados cientistas como Carlos de Paula Couto e Jeter Jorge Bertoletti. Carlos de Paula Couto foi um paleontólogo de destaque no Brasil, e Jeter Jorge Bertoletti é um biólogo e museólogo, fundador e diretor do Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS.
Quando Jules recebeu o ultimato de sua mãe aos 12 anos, ele intensificou seu envolvimento com o Museu Oceanográfico de Porto Alegre. À medida que sua coleção crescia, ele percebeu a necessidade de estabelecer uma organização não governamental (ONG). Assim, em 1987, fundou o CBCLIN (Centro de Estudos Biológicos Costeiros Limnológicos e Marinhos).
No mesmo ano, Jules iniciou uma jornada que o levaria por todo o país. Ele passou dois anos no Parque Nacional de Fernando de Noronha, onde se formou mergulhador. Embora tenha iniciado a faculdade de biologia em 1990, na PUC gaúcha, ele teve que abandoná-la devido aos constantes deslocamentos em busca de uma universidade que pudesse tutelar seu valioso acervo.
A busca o levou a Itajaí, onde a Univali havia recentemente estabelecido um curso de oceanografia. Jules viu nessa instituição a oportunidade perfeita para cuidar de sua coleção e, após passar em primeiro lugar no concurso da universidade, começou a trabalhar lá em 1993. Seis anos depois, ele finalmente se formou, embora em uma área diferente, geografia.