Já na metade da safra da tainha, o mar ainda não tem surpreendido os pescadores da Praia das Canoas com lances carregados de peixes. A instabilidade do mar durante as últimas três semanas tem afetado a deslocação dos cardumes que teriam se refugiado em locais de águas mais tranqüilas.
Nos últimos anos, os lances de um grande número de peixes têm diminuído proporcionalmente, porém a garra e o empenho dos pescadores artesanais tem se mantido, saindo de madrugada, trabalhando mais de oito horas às vezes em mar aberto até achar o lugar para fechar o cerco.
O pescador da Praia Central, Manuel Dias, considerou que já nos últimos dias da temporada da tainha tem começado a aparecer alguns cardumes, mas são de menor tamanho. “Já no finalzinho estão aparecendo as tainhas, mas ainda não aconteceram grandes lances. Tivemos lances de 100, 150 e até de 200 tainhas, mas nada comparado ao ano passado, quando os lances foram de 1 mil e até 1.200 peixes”, comentou. Para o pescador, as sucessivas ressacas que atingiram a costa do município prejudicaram a entrada da tainha na costa barravelhense. “Foram várias ressacas, com mar grosso. Dessa forma a tainha passa por fora da costa”, encerrou.
A mulher de pescador e fileteira, Nair Domingues da Rosa, que trabalha no porto das Canoas destacou a importância de comprar peixe fresco. “Nosso peixe é fresquinho, bem mais saudável porque está recém tirado do mar. Comprando aqui no porto o cliente também ajuda a preservar a pesca artesanal, mantendo essa tradição é própria do nosso Litoral”, disse Nair.
Já no Sul do Estado aconteceram alguns lances importantes como em Palhoça e na Ilha de Florianópolis, onde chegaram a ser capturados até 2 mil peixes.
Temporada
O período de pesca da tainha iniciou este ano no dia 15 de maio e vai até o agosto. A captura do peixe com rede está restringida a pescadores com carteira profissional, tanto embarcado quanto com tarrafa. Caso o pescador não tenha registro habilitante o Ibama, através da Policia Ambiental poderão recolher a rede.
Técnica
Na pesca artesanal com rede, existem duas formas diferentes para capturar a tainha. Uma delas é a pesca de cerco, praticada no Centro-Norte do Estado. Neste caso, a rede vai solta em uma das pontas. Quando é visualizado um cardume, a embarcação literalmente cerca o grupo de peixes com a rede, ficando dentro do círculo. Os pescadores batem com o remo na água para as tainhas se engatarem na rede, que posteriormente é recolhida e colocada no barco.
Já na pesca de arrastão é procurado o lugar onde se encontra o cardume perto da costa, entanto uma ponta da rede fica com alguém localizado na praia. O peixe e levado para uma profundidade raça, onde na tentativa de fugir fica enrolado na malha. Para recolher a rede se junta um número grande de pescadores para que puxem todos juntos e assim retirar o cardume da água.
Além dos pontos fixos de avistamento dos peixes, localizados sempre nas partes mais altas das praias e chamados de “vigias”, os cardumes de tainhas também são monitorados pelos vigias móveis. De bicicleta, eles ficam da manhã à noite percorrendo toda a praia.
Foto por: Ezequiel Díaz Savino|JC