Emanoel Carlos dos Santos (15 anos), paratleta de Penha, acaba de escrever seu nome na história nacional dos jogos escolares. No último dia 7, ele se consagrou campeão na Bocha Classe BC 1, na etapa regional 3 das Paralimpíadas Escolares – disputada em São Paulo (SP) – e garantiu uma vaga na fase nacional da competição. Na final, ele venceu o paulista e integrante da seleção brasileira, Caio Henrique.
“Essa foi a maior conquista do mano jogando. Ele jogou quatro jogos. O primeiro ele perdeu, aí depois ele recuperou nos três seguintes. Ele ganhou os três seguintes e se consagrou campeão”, comemorou o pai e que acompanha e auxilia Emanoel nos jogos, Eduardo Santos. Ele estreou com derrota (5 a 2) para um conterrâneo. Recuperou-se vencendo o Rio de Janeiro (5 a 0), Espírito Santo (5 a 0) e na final um disputado 3 a 2.
“Essa foi a maior conquista do mano jogando”
EDUARDO SANTOS
Emanoel, que também é tricampeão do PARAJESC e treinado por Aline Barros da Fundação Municipal de Esportes de Itajaí, competição estadual entre escolas, compôs a seleção catarinense nas Paralimpíadas Escolares – que conquistou o segundo lugar geral. Ele retornou ao litoral norte catarinense no sábado, 9, e foi recebido por amigos e familiares. Agora, o foco está no nacional, previsto para final do ano.
“Se Deus quiser abençoar ele, vai se consagrar campeão a nível nacional”, almeja o pai, que vê na trajetória do filho o termo da vitória enraizado. “O Emanuel nasceu prematuro. Ficou dezoito dias na UTI e os médicos não deram muita chance de vida para ele. Então, só aí já é um milagre de Deus, né? Hoje, tem 15 anos – completa 16 agora dia 15 de outubro”, recorda-se. Emanoel possui paralisia cerebral e atualmente estuda na Escola de Educação Básica Manoel Henrique de Assis.
EMANOEL E A BOCHA PARALÍMPICA
Eduardo recorda-se que “ele começou na bocha paralímpica em 2019 […] daí veio a pandemia. Ano passado a gente começou a treinar duas vezes por semana. Ele começou na bocha de um colega nosso, que nós antes morávamos em São Nicolau e a família tinha um campo e o goleiro desse time tem um filho que também tem paralisia, igual ao Emanuel, paralisia cerebral. Aí, o pai do Gabriel, o Adilson nos influenciou a participar. Aí, nós fomos num aniversário e tinha lá o pessoal que estava jogando bocha. O mano jogou, gostou e de lá para cá gente anda fazendo”.
AMOR PELO FLUMINENSE E UMA PROMESSA
A cadeira de rodas de Emanoel é adornada pelo escuto do Fluminense. A paixão familiar já o levou para os gramados do templo do futebol, o Maracanã. “O escudo do Fluminense na cadeira antiga eu já coloquei. E daí a gente adquiriu essa cadeira nova. Fui lá mandei fazer esse escudo também. Isso aí é um sentimento que vem de pai para filho. O meu pai torce para o Fluminense, eu torço aí ele tem mais um irmão que se chama Cadu e tem uma irmã também chamada Maria Eduarda, todos nós torcemos para o Fluminense”, detalha Eduardo.
“Inclusive ele já entrou no Maracanã junto com o Fluminense quando a gente estava fazendo um tratamento no Rio de Janeiro. Eu consegui ir lá com o pessoal da torcida organizada. A gente fez um tour pelo Maracanã e ele entrou com o Gilberto que na época era o capitão”, complementa o pai.
Agora, a missão de Eduardo é mais complexa. Precisa cumprir uma promessa feita ao pé do ouvido do filho. “Agora estou tentando levar ele na Libertadores, no jogo contra o Inter […] Eu prometi pra ele, se ele fosse campeão agora nas Paraolimpíadas, eu ia levar ele pro Rio pra ver a semifinal”, encerrou.