O Jornal do Comércio conversou na tarde de segunda-feira, 27, com o Sargento da Polícia Militar de Balneário Piçarras, Edson Luis Saraiva Corrêa, que destacou a importância de parcerias entre o Poder Público, população e Polícia Militar na busca por mais segurança. Ele ainda respondeu a perguntas sobre a segurança pública local, a qual ainda considera sob controle.
Após algum tempo sem diálogo concreto, Prefeitura e Polícia Militar parecem voltar a falar a mesma língua. Através de um convênio entre os setores, uma viatura (possivelmente um Chevrolet Prisma) está sendo adquirida. “A última viatura comprada em convênio foi em 2002”, lembra o sargento. “Estamos reiniciando uma parceria, perdida por divergências de comando, Prefeitura… tudo isso influencia”, completa
Durante a conversa, o Sargento frisou a importância de representatividade política para conseguir novos policiais. Atualmente o Governo do Estado está realizando um concurso público para contratação de novos efetivos. “Só a representatividade é que vai trazer esse efetivo para cá”, acredita. “Precisamos mostrar que também possuímos deficiências”, ressalta.
JC – Como a Polícia Militar de Balneário Piçarras analisa a situação da segurança pública local?
Saraiva: Hoje nós temos ela sob controle. Se fossemos falar em índices e números, existem ocorrências isoladas, mas que são bandidos que não são daqui. São de fora e que caem aqui de paraquedas, mas afetam nos números. Só que ainda é sob controle e é uma situação dentro do normal. Devido a criminalidade geral, cidades como Itajaí que tem monitoramento, a criminalidade começa a procurar outros locais fora.
JC – É possível afirmar que a criminalidade aumentou no município?
Saraiva: Sim. Em anos anteriores, locais como Itajaí, que sofreram um grande êxodo de pessoal, só aumentam os seus problemas. Antes nós não tínhamos bolsões de pobreza e hoje já temos alguns focos. O certo é que deva aumentar, a tendência é só aumentar.
JC – Quais são as regiões com os maiores índices?
Saraiva: Os índices de criminalidade, mais ou menos, eles crescem conforme a renda. Tem coisas que não são índices de criminalidade, tipo a violência doméstica, mas influência. Hoje você precisa disponibilizar uma viatura que poderia estar fazendo outro trabalho. As escolas, agora, hoje, já tinham problemas de briga e não é questão de segurança pública. Mas nós também precisamos estar presente, pra tentar resolver.
JC – Algum fator específico para este aumento? Drogas? Assaltos?
Saraiva: É um mundo moderno, né. É tudo proporcional com o crescimento do município e a criminalidade cresce também. Antes nós tínhamos uma população de cinco, seis mil pessoas, onde todos se conheciam, então era fácil. Hoje em dia, nós temos várias pessoas vindas de diversos lugares e nem sempre vem só pessoas boas. Um foco se cria no Norte, outro na favela, né (…) o grande número de andarilhos – por ser um município que está ao lado da BR e em dias de chuva eles saem da BR e se abrigam em casas de veranistas.
JC – Mas o que encabeça a lista? Drogas, furtos…
Saraiva: Olha, o furto sempre encabeça a lista, mas ele na verdade, é quase uma conseqüência do tráfico. São pequenos furtos para comprar droga. Então, o pequeno número de ocorrência que a gente tem, de crime, seria o furto…
JC – Motivados pela droga?
Saraiva: Motivados pela droga… mais pelo próprio consumo.
JC- Alguma estratégia da PM para conter essa evolução criminal?
Saraiva: A gente tenta trabalhar em cima de quem vende a droga, do traficante, que é quem recepciona todo esse produto e furto. Então tentamos trabalhar no combate à droga. Não tanto ao viciado, mas no combate ao traficante.
JC – E como a população deve reagir com essa situação?
Saraiva: Denunciando. Para isso nós temos o 190, o telefone normal do Plantão (3345-0190). Se a pessoa não quiser se identificar, não é necessário, desde que ela seja solicitada. A Polícia não está aqui para prejudicar ninguém, só queremos usar as informações que ela tem.
JC – E se ela for vítima?
Saraiva: Se ela for vítima, também. O telefone 190 é 24h.
JC – E como devem proceder? Manter a calma? Procurar justiça com as próprias mãos?
Saraiva: Ela tentar buscar justiça com as próprias mãos, primeiro que ela pode perder o bem mais precioso – que é a vida- então não é recomendado. Em momentos críticos nós trabalhamos com duas viaturas e é justamente para esses casos.
JC – Como a PM de Balneário Piçarras está estrutura, hoje?
Saraiva: Em viaturas, nós estamos tentando chegar a um índice aceitável. Hoje ele ainda é insuficiente. Estamos fazendo a aquisição de um novo carro, através da Prefeitura, nossa parceira nessa compra. Hoje possuímos três viaturas e um efetivo de 28 policiais. Fora isso, temos o plantão e o Proerd. Estamos tentando colocar o Proerd na prevenção. O bandido que hoje está fazendo assaltos, praticando algum crime, a única solução que a PM tem é prender. Agora aquela criança, que está iniciando lá na Escola, é que estamos com esse programa para atingir um número máximo de crianças. Infelizmente só possuímos uma policial, atuando no papel de instrutora. Isso é muito pouco. Hoje, para uma cidade como Piçarras, precisaríamos de três para atingir um número ainda maior de crianças. Mas o nosso problema, hoje, é o pessoal.
JC – Esse número de policiais e viatura é suficiente para um município com aproximadamente quinze mil habitantes?
Saraiva: Dentro de números internacionais, nós estamos, ainda, – e perto de outros municípios a nossa volta – confortável. A Penha, que é uma cidade maior que a nossa, tem um efetivo menor e, infelizmente por questões de administração, nós passamos a responder a eles. Os números da Penha, em índices de criminalidade, são maiores que os nossos. Por isso que eu te digo, hoje nós ainda conseguimos manter a criminalidade em índices baixos. Baixos não, aceitáveis.
JC – Ainda há tempo de fazer com que esses índices baixem?
Saraiva: A gente está tentando fazer parceiros. A Câmara, agora, com a criação do Conselho de Segurança Pública, é importante. A gente precisa que a comunidade se alie a nós para tentar manter nesses índices e até diminuí-los. Além disso, com uma representatividade maior, devemos forçar o Governo do Estado a aumentar o efetivo policial de Balneário Piçarras.
Foto por: Felipe Bieging