Diferente da temporada passada, quando jubartes e francas pulavam os olhos no horizonte do Atlântico, este ano o surgimento das gigantes dos oceanos ainda é discreto. Alguns avistamentos já foram realizados em regiões mais distantes da visão crua, mas os especialistas do setor pontuam que essa situação pode mudar ao longo da temporada de migração – que vai até o mês de setembro.
“A temporada de migração ainda está acontecendo então as avistagens podem aumentar. De fato, o que tem sido observado é que a rota das baleias jubarte, neste ano está mais afastada da costa de Santa Catarina, dificultando as avistagens. Isso já aconteceu também em anos anteriores”, esclarece o oceanógrafo, coordenador da unidade de estabilização de animais marinhos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jeferson Dick.
Enquanto as baleias-franca utilizam a costa de Santa Catarina para ter seus filhotes, as baleias-jubarte migram até o sul da Bahia para reprodução. Na região do Litoral Norte, especificamente, não há um trabalho voltado de censo da temporada – fato que impede uma comparação científica ano após ano. A análise é feita de forma empírica, situação que coloca a temporada de 2021 como um ponto fora da curva.
“O Litoral centro-norte não tem uma análise sistemática da ocorrência de baleias ao longo dos anos. Esse censo ocorre na região da APA da Baleia Franca, no sul do estado de SC onde existe o maior número de ocorrências da espécie. A UNIVALI já foi comunicada de alguns avistamentos de baleias jubarte juvenis e também de baleias franca. A temporada ainda está no início, por isso, não consideramos baixo o número de avistamentos. Não podemos tomar como referência a grande quantidade de baleias que apareceram no ano de 2021, esse sim foi um ano/evento atípico”, enriquece o oceanógrafo.
E é justamente pela vivência dos pesquisadores que não é possível precisar como serão os próximos dias. Porém, elas estão cortando o litoral. Fique de olhos abertos. “Não há perspectiva, a temporada das baleias vai até setembro aproximadamente, até lá poderemos ter ocorrência delas pela região”, completa. Mas, de acordo com oceanógrafo Jeferson, as baleias não são os únicos visitantes.
“Esse é um período de migração de animais costeiro-oceânico, como os pinguins-de-Magalhães e costeiros como os Pinípedes (lobos, leões e elefantes-marinhos). É possível avistar também grupos de golfinhos-nariz-de-garrafa e aves marinhas oceânicas, como albatrozes e petréis”, detalha.
AVISTAMENTO SEGURO
Em Balneário Piçarras, os molhes central e norte aproximam a população da linha oceânica. Em Penha, há os mirantes – em especial o da Ponta do Vigia. Em embarcações, há regras a serem seguidas. “O avistamento de baleias é um momento impressionante, afinal trata-se de alguns dos maiores animais vivos na Terra. Quando o avistamento é realizado embarcado é importante saber que estes animais são extremamente sensíveis ao barulho e podem ter a rota prejudicada com a aproximação. Outros riscos envolvem atropelamentos, emalhe acidental em redes de pesca ou encalhe nas praias”, detalha o oceanógrafo.
A legislação brasileira definiu um regramento seguro para admirar estes animais. De acordo com a Portaria número 117, do Ibama (26 de dezembro de 1996), alterada pela Portaria número 24 do Ibama (fevereiro de 2002), embarcações motorizadas ou não, devem respeitar o distanciamento mínimo de 100 metros do animal. Embarcações motorizadas devem permanecer com o motor em neutro. “É proibido interromper o curso de natação do indivíduo ou do grupo ou perseguir o animal, considerado crime ambiental. É imprescindível o respeito às normas para a segurança do animal”, frisa Jeferson.