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sexta-feira 9 de maio de 2025


Escritos do Professor Luiz Silveira são resgatados e se tornam obra de literatura infantil

“O Cabeça de Sol” faz uma reflexão sobre como devemos ver e viver o milagre da vida; obra será revelada em livro e audiobook

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Penso que nossa passagem se eterniza por aquilo que fizemos durante nossa caminhada neste plano. Lendo a obra de literatura infantil escrita pelo professor piçarrense, Luiz Antonio José da Silveira, que será lançada no próximo dia 1º de abril, às 19h, no Centro Cultural Luiz Telles, acredito ainda mais nisso. Professor Luiz, que nos deixou em 2006, em “O Cabeça de Sol” faz uma reflexão sobre como devemos ver e viver o milagre da vida – cravando mais um capítulo em sua história, mesmo depois da partida.

“O livro foi encontrado depois da morte do pai, mexendo nos documentos dele – mas, ele nunca tinha falado para gente desse livro. Como não tem data, não sabemos dizer quando foi escrito, uma vez que haviam escritos à mão e também datilografados”, recorda a filha mais velho do mestre, Maria Augusta Sanches da Silveira. A obra literária vai além da mensagem. Promove inclusão social com uma versão em áudio, o chamado “Audiobook”, e instruções complementares para criação dos personagens e identificação tátil.

“Será um livro com ‘Audiobook’, pois nós queremos valorizar os deficientes visuais, produzir algo para essa turminha. O lançamento também será bastante voltado a eles: teremos oficinas, recreação para crianças”, acrescenta Guta, como é mais conhecida na cidade. Em suma, “O Cabeça de Sol” narra a história de dois irmãos, que – de forma atenta – ouviam e fantasiavam as histórias narradas pelo avô, o Vovô Luiz. De escrita fácil, as mensagens são lançadas a cada parágrafo, causando forte autorreflexão a quem se dedica em compreender.

“O livro foi encontrado depois da morte do pai, mexendo nos documentos dele”

A obra foi viabilizada por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, no município de Balneário Piçarras. A jornalista Danielle Garcia fez a adaptação da obra, que tem ilustrações produzidas por Ana Cristina Meirinho Neves, a produção de Adriana Nascimento e a coprodução de Guta – com a edição e revisão de Luiz Garcia. Os moldes, para as atividades táteis, têm a criação de Ana Karina de Souza.

O prefácio do livro é assinado pelo amigo e jornalista Mário Motta. Amigos na adolescência, incumbiu-se da missão de enriquecer os passos continuados de Luiz – agora, dados em energia. Cumpriu com maestria. “Conheci poucos ‘Cabeças de Sol’ em minha vida. E para minha tristeza, os que tive o privilégio de conhecer não estiveram ao meu lado por muito tempo, mas marcaram definitivamente minha vida. Eram pessoas maravilhosas, que iluminavam o ambiente quando chegavam e distribuíam paz, tranquilidade e amor. Com olhos que retratavam suas almas. Limpos, brilhantes, sempre abertos e receptivos. Pessoas afáveis, como dizia minha mãe, certamente a Cabeça de Sol com quem mais tempo convivi”, produziu o jornalista, em agradecimento pela vivência passada.

Esse, no entanto, é o máximo que posso adiantar dos escritos cravados na obra resgatada. É apenas um spoiler (termo usado para a situação que revela partes importantes do enredo de um filme, de uma série televisiva ou de um livro, sobretudo para quem ainda não os viu ou leu) convidativo à leitura, uma vez que a principal informação não foi trazida nesta matéria: afinal, quem é o “Cabeça da Sol”? Só lendo para compreender…

PROFESSOR LUIZ DA SILVEIRA

Luiz Antonio José da Silveira nasceu em 23 de janeiro de 1952 na pequena cidade paulista de João Ramalho, que ainda hoje tem uma população inferior a 5 mil habitantes. Aos 12 anos, a família se muda para Arco-Íris, próxima de Tupã, onde viria a se formar em Educação Física em 1975. Um ano depois, foi para o Oeste de Santa Catarina junto com outros 18 amigos já formados, com apoio do então professor da faculdade Mário Motta, hoje conhecido âncora do programa Jornal do Almoço, na NSC TV.

Em janeiro de 2006, vítima de um AVC isquêmico, foi reencontrar-se com o Grande Cabeça de Sol

A partir de Lages, onde todos haviam se estabelecido, cada um dos amigos buscou novos destinos no Estado. Luiz fixou-se em Curitibanos. Em 1976, casou-se com Lucimar Maria Passador Sanches e, em 1980, mudou-se para Rio do Sul, onde nasceram seus dois filhos: Maria Augusta e Daniel. Ali também deu aulas no Colégio Henrique da Silva Fontes, escola da qual foi diretor.

 Entusiasta do basquete, sempre gostou de treinar seus alunos na modalidade. O espírito protagonista o levaria novamente a ocupar o cargo de direção escolar, desta vez em Balneário Piçarras, onde a família se radicou nos anos 90 e até hoje vive. Em janeiro de 2006, vítima de um AVC isquêmico, foi reencontrar-se com o Grande Cabeça de Sol.

Amante da literatura, gostava de ler desde criança, sob o estímulo do pai, que assinava o Estado de São Paulo. Anos depois de sua morte, os originais deste livro foram achados entre os documentos do autor. Uma surpresa que perpetua agora as ideias e a natureza simples e gentil de Luiz Silveira.

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