O Instituto do Meio Ambiente de Balneário Piçarras (IMP) anunciou uma extensa agenda de eventos ambientais para o mês de setembro. Limpeza do Rio Piçarras (dia 19), plantio de restinga na orla (dia 21), integração no evento do Museu Oceanográfico da Univali (dia 24), apresentação do teste piloto da Unidade de Compostagem (dia 28) e Projeto Eco Escola e Projeto Horta Natural (dia 29) estão na agenda.
LIMPEZA DO RIO PIÇARRAS
A programação tem início no dia em que é comemorado o Dia Mundial pela Limpeza da Água, dia 19, que marcará o início do Programa Municipal de Limpeza do Rio Piçarras, idealizado pelo IMP e realizado pela associação Eco Local Brasil, com apoio da sociedade civil, pescadores artesanais e marinas. “A ação será realizada em várias etapas, nessa primeira será percorrido o trecho pertencente ao Parque Natural Municipal do Rio Piçarras, nossa Unidade de Conservação”, adianta a presidente do IMP, Rosemari Bona.
A ação começa às 9h, na Colônia de Pescadores e toda comunidade pode participar. “Antes de iniciar a navegação, será realizada uma explanação sobre os objetivos do programa, a destinação do resíduo coletado e a importância para o meio ambiente. O número de vagas disponíveis para realizar a limpeza do rio, dependerá do número de embarcações engajadas na ação”, ressalta.
A presidente reforça que o “objetivo da ação é conscientizar a população sobre a importância dos recursos hídricos, pois o Rio Piçarras é a principal fonte de água doce do município. Além disso, deságua no mar, é determinante para manter nossa balneabilidade e, consequentemente, a Certificação Bandeira Azul. Além da limpeza do lixo depositado irregularmente, visível a olho nu, o objetivo é atentar sobre a problemática da falta de tratamento de esgoto, responsável pela contaminação ambiental dos rios e praias”.
PLANTIO DE RESTINGA NA ORLA
Ele ocorrerá em um trecho específico da orla Norte: entre as ruas 2.390 e 2.510. O trabalho começa às 9h30. “Para esta ação serão plantadas espécies que normalmente se desenvolvem na orla do nosso município, como a erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis); feijão-de-porco (Canavalia rosea) e erva-baleeira (Cordia curassavica), entre outras possíveis de adquirir em viveiros da região, ou de serem semeadas utilizando-se o próprio banco de sementes da restinga do município”, explica Rosemari.
“As espécies de restinga herbácea estão entre as poucas espécies da flora do planeta que são adaptadas a se desenvolver dessa forma: recebendo mais nutrientes da maresia do que do solo”
ROSEMARI BONA, PRESIDENTE DO IMP
Tecnicamente, Rosemari enriquece a escolha do IMP apontando que “as espécies herbáceas de restinga se adaptam bem às condições ambientais do local desta ação, que se caracterizam por uma alta incidência solar, e à areia da praia, que é um solo pobre em nutrientes. A maior fonte de nutrientes para a vegetação de restinga que fica diretamente à frente do mar é a maresia, que é um “spray” formado por bilhões de gotículas de água do mar que são levadas pelo vento toda vez que uma onda arrebenta na praia. Além de água, a maresia traz também o carbono e o nitrogênio essenciais para o desenvolvimento das plantas. As espécies de restinga herbácea estão entre as poucas espécies da flora do planeta que são adaptadas a se desenvolver dessa forma: recebendo mais nutrientes da maresia do que do solo, e serem também resistentes à alta concentração de sais presentes na maresia. Este é um dos aspectos que fazem as espécies de restinga serem tão especiais dentro da biodiversidade do Bioma Mata Atlântica, e que tornam sua preservação tão importante”.
Questionada sobre a possibilidade de o IMP iniciar um trabalho de retirada de espécies invasoras da restinga, que tem ganhado destaque em certos trechos da orla, a presidente pontua que a ação de plantio já vai ao encontro dessa intenção: “O local da ação foi intencionalmente delimitado em uma região de dominância da espécie exótica capim-elefante (Pennisetum purpureum). Esta espécie é um dos principais problemas observados em relação à propagação de espécies exóticas no nosso município. Além de possuir alta capacidade de ocupar novas áreas, desenvolvendo-se mais rapidamente que a vegetação nativa de restinga, ela é capaz de atingir de 3 a 4 metros de altura, tornando-se além de um problema ambiental um problema paisagístico. Esta espécie é de comum ocorrência em terrenos baldios e confere um aspecto de área abandonada ao local em que se desenvolve. Quanto às demais áreas da orla com predominância de espécies exóticas invasoras no município, o IMP propõe como medidas de compensação ambiental, tanto decorrentes de infrações ambientais quanto de pedidos de autorização de corte de vegetação nativa, a recuperação destes locais através da retirada destas espécies exóticas e o plantio de espécies nativas”.
A FLOR E O BEIJA FLOR EM EVENTO DA UNIVALI
O IMP atuará em parceria com o Museu Oceanográfico, no dia que ocorrerá a 16ª Primavera dos Museus, dia 24. A dupla, A Flor e o Beija Flor, farão uma performance voltada ao meio ambiente e ao público infantil.
PROJETO ECO ESCOLA E PROJETO HORTA NATURAL
Sua realização será dia 27, na escola CIEF, às 8h30. O Projeto Eco Escola é uma iniciativa do IMP em parceria com a Secretaria de Educação que tem como objetivo envolver os alunos das escolas do município com assuntos ambientais, buscando o aprendizado a partir de atividades interativas. Futuramente, a Unidade de Compostagem Municipal será o local da Eco Escola, com espaço para desenvolvimento de atividades de educação ambiental, “mas o projeto é amplo e engloba diversas atividades desenvolvidas pelo IMP com os alunos das escolas do município como, por exemplo, o Projeto Horta Natural”, diz Rosemari. O Projeto Horta Natural consiste na implantação de hortas e composteira nas escolas e treinamento dos educadores para utilizar esses recursos para o ensino das crianças.
APRESENTAÇÃO DO TESTE PILOTO DA UNIDADE DE COMPOSTAGEM
A Unidade, integrante do Projeto Recicla Aí, terá seu primeiro teste realizado dia 28. Ela, no entanto, só começará a funcionar definitivamente “a partir da emissão da Licença Ambiental de Operação da unidade de compostagem em implementação. Transformar resíduos orgânicos em adubo recebendo mais de 500 quilos de resíduos por dia implica na obtenção de uma licença ambiental”, ressalta Rosemari.
“Isso porque essa atividade é capaz de produzir impactos ambientais negativos, tais como a geração de chorume (a parte líquida do lixo orgânico, que pode contaminar o solo e as águas subterrâneas) e a atração de pragas e vetores de doenças. Esses impactos devem ser mensurados e atenuados, dentro de programas a serem observados pelos responsáveis pela operação da unidade. Esses cuidados a serem tomados serão o corpo desta licença ambiental, que nada mais é do que um compromisso formal de que a unidade de compostagem será mantida por seus executores de modo que os impactos ambientais negativos serão mantidos dentro do mínimo previsto na legislação. Este processo encontra-se em trâmite no IMP, com alta prioridade de análise e conclusão devido ao seu caráter de utilidade pública e depende basicamente da conclusão de obras de infraestrutura relacionadas à circulação chorume nas leiras de compostagem”, complementa a presidente.
O Projeto Recicla Aí especificamente prevê a formação de adubo orgânico utilizando resíduos de poda de jardinagem provenientes de residências e de arborização urbana, e restos de alimentos obtidos de residências e órgãos públicos, incluindo refeitórios de escolas. Apesar da rica bibliografia disponível sobre processos de compostagem, não há um procedimento padrão reconhecido e estabelecido para as condições de trabalho que teremos na Unidade de Compostagem deste projeto. “Isso significa que processos como a periodicidade de revolver o material das leiras de compostagem, e a proporção aplicada de restos de alimentos versus resíduos de poda triturados ainda devem ser estudados e definidos em testes-piloto. A partir dos dados destes testes será definida a forma de trabalho em larga escala, quando estará sendo recebida na unidade de compostagem todos os resíduos provenientes de mil residências e dos órgãos públicos, conforme previsto no Projeto Recicla Aí”, completa a presidente do IMP.
Para o funcionamento normal da Unidade de Compostagem, serão recebidos resíduos orgânicos provenientes de restos de alimentos provenientes de 1 mil residências do município que se voluntariaram a separar seu lixo em 3 frações (recicláveis, rejeitos e resíduos orgânicos); e dos órgãos públicos municipais. A estes restos de alimentos será somado resíduos de poda da arborização urbana e da coleta de resíduos de jardinagem coletados no município. Como ação complementar, observando os problemas constatados na alta temporada de verão, a unidade de compostagem também receberá cascas de coco-verde coletadas na praia.