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sexta-feira 9 de maio de 2025


Terno de Reis é incluso como patrimônio cultural imaterial do município de Penha

“A tradição de cantar aos reis chegou com os açorianos no Século XVII e continua muito presente em todo litoral Catarinense, de Norte a Sul”

(FOTO, ARQUIVO JORNAL DO COMÉRCIO)
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A Câmara de Vereadores de Penha tornou a manifestação popular do Terno de Reis um patrimônio cultural imaterial do município. A proposta foi aprovada durante a sessão ordinária do dia 28, por iniciativa do parlamentar Roberto Antônio Leite Junior (Cidadania). Agora, a prática cultural se junta a outros seis movimentos em legislação municipal específica de valorização cultural.

O projeto proposto pelo vereador alterou artigo 1º da lei nº 2969 de 2018 – que tornou as festas do Mastro de São Sebastião, do Divino Espírito Santo, de São João e de São Pedro, além dos Foliões do Divino Espírito Santo e da Consertada de Penha, bem como a Festa dos Pescadores como patrimônio cultural imaterial do município – incluiu o Terno de Reis na relação.

Além disso, o dia 6 de janeiro ficou denominado como o Dia Municipal do Terno de Reis. “O Terno de Reis, também denominado como Folia de Reis, Reisado ou ainda Festa dos Santos Reis, em outros estados, tradição esta que conta com 274 anos em Santa Catarina e é praticado em diversos municípios do nosso estado”, explica o parlamentar, que é de berço familiar açoriano.

Nino da Badinda, Domingo Bejú e Pedro Paulo em apresentação nos anos 90 (FOTO, ARQUIVO JORNAL DO COMÉRCIO)

“A tradição de cantar aos reis chegou com os açorianos no Século XVII e continua muito presente em todo litoral Catarinense, de Norte a Sul. É uma manifestação cultural religiosa festiva classificada como folclore e praticada pelos adeptos e simpatizantes do catolicismo, no intuito de rememorar a atitude dos Três Reis Magos – que partiram em uma jornada a procura do prometido Messias”, acrescentou Junior Leite, na mensagem que embasou o projeto.

Em termos musicais, os instrumentos usados pelos grupos de Ternos de Reis são o violão, viola, gaita, tambor e o violino (conhecido também por rabeca), podendo variar de um grupo para o outro. Outra característica importante é a presença de um mestre. Ele é o responsável pela folia e pela criação dos versos, depois repetidos pelos foliões (coro). O mestre tem uma voz especial que dá todo o tom a cantoria: o típe, que faz o famoso “ai” no final dos versos, podendo haver dois ou mais.

“Trata-se, portanto, de um bem cultural de natureza imaterial que remonta às origens históricas da nossa gente, herdeiro das tradições açorianas e estreitamente vinculado com a religião católica. Sem dúvida é forte referência à identidade e a memória dos grupos formadores do povo do estado de Santa Catarina”, encerra Junior Leite.

O superintendente da Fundação Cultural de Penha Picucho Santos, Eduardo Bajara, completa que a “importância do Terno de Reis é enorme, representa a alma do nosso povo, uma tradição ibérica portuguesa, incorporada pelos colonizadores açorianos, com costumes cristãos, que ao longo dos anos incorporou também traços da cultura indígena e africana. O Terno é uma manifestação coreograficamente linda, com suas canções tradicionais que são passadas de geração em geração. Por isso, é importante que as autoridades políticas, gestores da área cultural e da iniciativa privada incentivem e não deixem morrer as nossas tradições. Preservar esta e outras manifestações culturais é muito necessário para a nossa cidade. Nós, filhos da terra, precisamos estar atentos a isto”.

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).

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