Em 1994, uma muda de romã – fruta que mescla doçura com acidez – era plantada num momento fraterno que denotava o amor de pai e filho. Pela esposa. Pela mãe. Mal sabiam que naquele momento, escreviam uma história que seria levada pelo resto da vida. Dois anos depois, o pequeno Augusto se foi precocemente. Valmor e Nancy tiveram que lidar com os sentimentos pela inversão da ordem natural. Mas, deram vida à intensa passagem do filho, um apaixonado pela natureza. Neste ano, papai Valmor plantará cem mudas da espécie em gratidão pela passagem do filho por suas vidas. Balneário Piçarras ganhou algumas mudas.
“O principal objetivo é manter viva a lembrança de um ser iluminado, que desde pequeno adorava plantar árvores e flores”, definiu Valmor Rossetto, esposo de Nancy Malschitzky – casal natural de Curitiba (PR), mas que frequenta Balneário Piçarras desde a década de 80. Em Balneário Piçarras, Valmor plantou mudas em residências Morretes, Itacolomi e no Centro, junto de pessoas que irão lapidar o crescimento da fruta. “Os locais são aleatórios. Alguns especiais como a cidade natal, Curitiba, e na praia que mais amava: Balneário Piçarras! Mas, não importa onde, e sim que sejam plantadas por pessoas do bem!”, acrescentou.
“O sentimento é de gratidão eterna, pois o Augusto continua cumprindo a sua missão de espalhar o amor e o espírito de fraternidade! Ele continua nos impulsionando à diante com sua alegria contagiante”
VALMOR ROSSETTO
O plantio de amor foi batizado: Projeto Augusto – Ajudar a Arborizar o Planeta. Questionado sobre qual o sentimento durante o ato de cavar o buraco na terra e alocar à muda, Valmor mostrou que a cicatriz da perda existe, mas em agradecimento. “O sentimento é de gratidão eterna, pois o Augusto continua cumprindo a sua missão de espalhar o amor e o espírito de fraternidade! Ele continua nos impulsionando à diante com sua alegria contagiante”, narrou. Mais de 40 mudas já foram plantadas este ano. A primeira romã, que defino como da espécie Augusto, foi na residência da família Mota, em São José do Cerrito.
A lembrança do momento vivido, na década de 90, foi a energia que moveu o casal a idealizar o projeto: “Em 1994, eu e o Augusto plantamos uma muda de romã e homenagem à mamãe Nancy, em nosso jardim! Ele queria fazer uma surpresa para a querida mamãe! Depois que virou uma Estrelinha, a plantinha cresceu e muitos frutos foram colhidos com o sabor da saudade”. O método utilizado para o plantio é o da técnica da estaquia, de reprodução assexuada de plantas. Ele consiste no plantio de pequenas estacas de caule, raízes ou folhas que, plantados em um meio úmido, desenvolvem-se em novas plantas.
Como todo pai e mãe zelosos, Valmor e Nancy querem acompanhar o crescimento de cada romã. Para matar a saudade, né? “Todas as mudas plantadas serão monitoradas e os participantes do projeto fazem parte de um grupo no qual postarão a evolução das mesmas no tempo”, detalha o pai do Augusto. A romãzeira é uma árvore que pode alcançar entre 5 a 8 metros de altura e se adapta muito bem a climas tropicais e subtropicais, sendo capaz de se desenvolver até mesmo em climas semiáridos. Suas 613 à 648 sementes são doces com um toque de acidez. “Uma explosão de sabor”, define Valmor.
Augusto Malschitzky Rossetto partiu deste plano em 17 de abril, aos quatro anos de idade, vitimado por um edema pulmonar. Mas, pelo exótico e intenso sabor da romã do quintal da Família Malschitzky Rossetto, ele vive.
Muitíssimo grato Felipe! Você e sua família fazem parte da nossa história!