Alcemir José Pilotto, o Padre Pilotto – que comandou a Paróquia de Nossa Senhora da Penha por mais de treze anos – busca no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de volta a receber a côngruas (o salário eclesiástico) após ter sido expulso da Diocese de Blumenau pelo Papa Francisco, em 2022. A decisão foi tomada após denúncias de que o padre vivia um suposto relacionamento amoroso e teria violado o segredo de confissões de fiéis, decisão da qual ele ainda recorre no Tribunal Eclesiástico.
Segundo reportagem da revista IstoÉ, em sua versão digital, o STF até o próximo dia 13 para apreciar um recurso apresentado pela defesa do padre de 71 anos e que deixou Penha em meados de 2019. “Não estamos querendo dizer que o Papa não deve julgar o caso. O que queremos é que Pilotto volte a receber a côngraus enquanto o processo estiver em tramitação e tenha direito a ampla defesa e ao contraditório”, disse o advogado que representa Pilotto, Telêmaco Marrace, à jornalista Marina Miano Cardoso.
Quanto à denuncia central, o advogado afirmou que Piloto e a secretária residiam juntos na casa paroquial, mas em quartos separados. “A maioria dos padres têm secretários homens e ninguém fala que eles estão tendo um caso amoroso. Os dois dividiam a mesma residência havia 20 anos, mas, após brigas internas da igreja, houve as denúncias”, relatou Telêmaco à reportagem da IstoÉ.
O advogado alega ainda que o Tribunal Eclesiástico, responsável por julgar esses casos na Igreja Católica, falhou ao não promover a ampla defesa. “Um padre de Joinville, que realizava a defesa de Pilotto, nem teve tempo de argumentar porque o Papa Francisco destituiu o religioso.” O primeiro recurso de Pilotto foi no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que afirmou não ter competência. Para o advogado, a Justiça brasileira pode julgar, pois a igreja está submetida à Constituição Federal de 1988, “tanto que ela usufrui da isenção de impostos”.
CÂNCER EM ESTÁGIO AVANÇADO
A situação de Pilotto é ainda mais complicada porque ele foi diagnosticado com um câncer em estágio avançado. Com a expulsão, ele ficou sem a côngruas (salário eclesiástico), o plano de saúde e a casa paroquial. “Ele e a secretária se mudaram para a cidade de Guaratuba, em Curitiba, para realizar o tratamento contra o câncer. Assim que acabou, Pilotto passou a residir com o irmão na Comarca de Erechim, Rio Grande do Sul”, afirmou o advogado à IstoÉ.