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sábado 9 de dezembro de 2023


Penha inaugura a Escola de Arte Culinária Laci dos Santos Leite

A nova unidade foi criada pela Prefeitura de Penha no número 200 da Rua Nilo Anastácio Vieira, no centro da cidade: “eu luto desde 1994 pelo reconhecimento dessa escola”

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“A felicidade é tanta que me faltam palavras”. A citação é da chef Laura Rodrigues, a Dona Laurinha, durante o ato de inauguração da Escola de Arte Culinária Laci dos Santos Leite – realizado na noite de quinta-feira, 27, e faz jus à sua história pessoal de luta por um espaço realmente adequado para difundir a mais saborosa das artes. A nova unidade foi criada pela Prefeitura de Penha no número 200 da Rua Nilo Anastácio Vieira, no centro da cidade.

Escola agora possui um robusto e adequado espaço para ministrar suas aulas – Foto, Felipe Franco / JC

A Escola vai ofertar curso profissionalizante com carga horária de 200 horas e certificado ao término. “Eu luto desde 1994 pelo reconhecimento dessa escola, para valorizar a nossa gastronomia, para ensinar as pessoas a cozinharem. Esse é um projeto para as gerações”, reforçou Chef Laurinha. O curso oferecido na Escola é um dos mais reconhecidos pela Marinha do Brasil, empregando milhares de trabalhadores na navegação e plataformas de petroleiro.

“A Escola está linda, totalmente equipada e preparada para receber novos alunos. Temos fogão industrial, lavadora de louça, geladeira, além de todos os móveis e utensílios de cozinha”, frisou Chef Laurinha. Além da Chef Laurinha, a equipe é composta por três auxiliares que ajudam em todo o processo das aulas: Elisangela Idalina Bento; Sueli Manske e Sara Francine Paulina.

“Eu luto desde 1994 pelo reconhecimento dessa escola, para valorizar a nossa gastronomia, para ensinar as pessoas a cozinharem. Esse é um projeto para as gerações”

CHEF, LAURA RODRIGUES
FOTO, FELIPE FRANCO /JC

Para que fosse reformulada, a Escola foi transferida à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Receita, instituída através da Lei nº3360/2023. “Aqui, vamos fazer qualificação profissional, algo que já é reconhecido pela Marinha do Brasil – que sempre aceita os cozinheiros formados pela Dona Laurinha, pois reconhece a capacidade dessa escola”, categorizou o secretário. Tiago Dionísio Moser.

O prefeito da cidade, Aquiles da Costa (MDB), reforçou a importância do curso para futuros projetos de valorização da identidade local, além de enaltecer a história de trabalho das profissionais que atuam no Escola de Arte Culinária. “Estou muito feliz porque nós vamos conseguir oferecer um curso gratuito de qualificação profissional em gastronomia. O único gratuito em Santa Catarina. O que a Dona Laci fazia era servir ao próximo e só com muito amor para fazer isso”, discursou ele.

A neta de Dona Laci, Liliane Maria Leite Souza, leu um emocionado texto autoral em homenagem à avó. “Ela nunca quis per esquecida e com essa homenagem, não ficará. Obrigada por não terem esquecido dela, obrigada por essa honra, e que honra ter sido neta da Dora Laci. Que honra!”, agradeceu. Leia o texto mais abaixo.

A partir de maio serão ofertados cursos profissionalizantes para pessoas acima de 18 anos, para crianças de 9 a 13 anos no contraturno, com foco na inclusão social, em parceria com a APAE, além de aulas específicas para alguns públicos, como os idosos. “Algo grandioso está por vir. Isso é apenas o começo. Essa escola, Dona Laurinha, a partir de agora, só vai crescer. Menor, ela nunca vai ficar”, encerrou Aquiles.

QUEM FOI LACI DOS SANTOS LEITE?

Nascida de parto em casa na Armação de Itapocoroy em agosto de 1939, teve um único filho -o Zézo, com seu marido Gervásio Leite, que faleceu em 1969, ao sofrer infarto enquanto pescava em sua lancha artesanal. Ela ainda adotou como filha de criação a menina Luci.

Dona Laci sempre foi muito ligada às atividades paroquiais na Capela de São João Batista, no Apostolado e nas missas. Mas sua maior alegria era colaborar com a culinária popular tradicional nos festejos da Igreja, principalmente Festa de São João e São Pedro, confeccionando bolos, tortas, tainhas recheadas e a bebida popular e tradicional “quentão” de cachaça e vinho.

Também era detentora de um rico conhecimento em fazer broas e doces caseiros, a cachaça consertada e as comidas populares como pirão escaldado, peixe frito, peixe ao molho ou em caldo e mariscos. Em seus mais de 50 anos viúva buscou repassar seus conhecimentos em culinária a todos que a procuravam, sempre com uma paciência e carinho, demonstrando muita felicidade ao ser lembrada.

Dona Laci faleceu em junho de 2020.


Palavra Gratidão, por Liliane Maria Leite Souza

Ah, Dona Laci… Ela nunca quis per esquecida e com essa homenagem, não ficará. Obrigada por não terem esquecido dela, obrigada por essa honra, e que honra ter sido neta da Dora Laci. Que honra!

Uma mulher religiosa que ficou viúva muito cedo. Mãe de dois filhos: Luci Maria Silva, José Alcides Leite. Criou os dois filhos na fé e na força.

Ficou muito conhecida por sua culinária nas festas religiosas, festas típicas da cidade. Quem nunca comeu a carne assada de panela da Dona Laci? Quem nunca comeu a tainha recheada na Festa de São João?

Sem contar do frango assado. Minha avó dizia: Tem que fazer o recheio com os miúdos da galinha. Esse que é recheio bom.

Ela participara não só das festas religiosas, mas de inúmeros casamentos. Ela estava lá, cozinhando nas festas.

Ah, Dona Laci, tenho mais o que falar. Quem nunca numa visita da bandeira do Espírito Santo, deixou de comer a famosa rosca de amendoim que ela fazia, e ainda ela guardava para as amiguinhas levarem pra casa.

E no mastro de São Sebastião, as broas de coco deliciosas que desmanchavam na boca.

São tanto coisas a falar, a agradecer… Ela fazia uma torta de aniversário, a famosa massa ouro e prata bem molhadinha com laranjinha.

E não é só em comidas… e os quentões, as consertadas……

Gente, ela foi maravilhosa.

Vou deixar aqui uma mensagem pra vocês e pra quem passar por aqui na escola de culinária Laci dos Santos: Que façam, caprichem, doam-se e nunca esqueçam do maior tempero da vida, o que realmente a Don Laci tinha: a pitada de amor.

Nosso muito obrigada.

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