Penha amanheceu em luto neste sábado, 20 de janeiro de 2024, com a notícia do falecimento de Cláudio Bersi de Souza (89 anos), o escritor e poeta da cidade que marcou profundamente o cenário cultural e político local. Ele estava em casa, no bairro Armação, onde se recuperava do tratamento de um câncer na bexiga, quando faleceu. O velório se inicia neste sábado, 20.
Cláudio Bersi iniciou a jornada literária em 1984 com a publicação de “Um Beijo na Tempestade”. A carreira, marcada pela versatilidade, começou nas cabines de embarcações de pesca e se estendeu às colunas de jornais, começando em 1968. Ao longo de quase cinco décadas, publicou mais de 30 livros, com destaque para romances, biografias, obras de autoajuda e de história, ultrapassando 40 edições. Sua última obra, “Nas águas da Babitonga”, foi publicada recentemente, reafirmando uma dedicação incansável à escrita e à cultura regional.
Também atuou na marinha mercante, foi comerciante, empresário da pesca e acompanhou todo o processo de emancipação e progresso do município de Penha desde a década de 1950. Além de sua contribuição literária, Cláudio Bersi de Souza teve papel fundamental na política de Penha. Ele foi vereador e presidente da Câmara Municipal entre 1963 e 1966. Sua liderança à época foi determinante para a eleição do prefeito José João Batista. O engajamento comunitário se refletia em seu apoio constante aos estudantes e na disposição em compartilhar conhecimentos.
O legado de Cláudio Bersi de Souza também alcança a música. É dele o lindo “Canto de Amor a Penha”, o hino do município. Em reconhecimento ao seu trabalho como pesquisador e historiador, ele foi agraciado com o Troféu Açorianidade Ilha Graciosa, concedido pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A graça foi concedida 35 anos após a publicação do seu primeiro livro.
No último dia 20 de dezembro, Cláudio foi reconhecido pela Fundação Cultural de Penha com o prêmio Franklin Bento de Trajetória Cultural. Ele recebeu Certificado, Troféu e um valor de R$ 2 mil por meio de recursos federais da Lei Paulo Gustavo (LPG) por toda contribuição na história e cultura literária de Penha. Em 2019, recebeu o Troféu Açorianidade , o principal prêmio da cultura açoriana em Santa Catarina, concedido pelo Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (NEA). Seu Cláudio ganhou o Troféu Ilha Graciosa, na categoria historiador.
A presidente da Academia de Letras de Penha, da qual seu Cláudio fazia parte, Maria Juraci Alexandrino, lamentou a partida. “seu Cláudio era o nosso mentor, um homem que deixará a sua história, deixará o seu legado. Lançou mais de 40 livros, participou ativamente de todos os debates da nossa Academia, pensando a cultura, literatura, a arte. Com certeza Penha e Santa Catarina estão de luto, porque um homem que verdadeiramente empunhou a bandeira pela cultura. Seu Cláudio Bersi dizia, sempre: Que é a cultura que transforma a vida das pessoas. Lamentamos muito a perda”.
Cláudio, apesar do tratamento de câncer, estava bem. Ele se sentia bem. Em 18 de dezembro do ano passado, escreveu para seu editor pessoal, o jornalista Luiz Garcia. Disse: “Estou me sentindo bem, cumprindo repouso, mas estou na minha rotina gostosa que é escrever… Dia 17/01 farei uma tomografia e dia 06/02 a avaliação em relação a possível aplicação de radioterapia… É um procedimento natural. Minha bexiga está funcionando naturalmente. A própria idade exige cuidados. Espero ficar bom”.
Luiz Garcia comentou com o jornalista e editor-chefe do Jornal do Comércio, Felipe Bieging, a respeito da troca de mensagens com o escritor Cláudio. Luiz fez um belo e emocionante relato daquela breve conversa de dezembro do ano passado:
“Resgatando essa mensagem, fiquei pensando na fragilidade da vida, no fio fino que nos prende a este mundo, a ponto de, em pouco tempo depois, vermos esse liame subitamente rompido, desprendendo nossos amigos deste chão de dores e alegrias em direção a um desconhecido Além. E de despedida em despedida, percebemos que o tempo nos consumiu os dias e, mais cedo ou mais tarde, é a gente que se junta a esse mistério que ao mesmo tempo nos afasta e nos aproxima de entes queridos. Cláudio Bersi foi um notável entre nós. Um homem que viveu como cada um de nós deveria viver até o último sopro: criativo e vibrante”.
O Adeus!
A despedida ao poeta e escritor Cláudio Bersi de Souza será a partir das 17h deste sábado, 20 de janeiro, com velório na Câmara de Vereadores de Penha. No domingo, o corpo será levado na Capela Mortuária de São João Batista, em Armação, para despedida até às 8h30min, seguido pelo sepultamento no cemitério da Capela.