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sábado 5 de outubro de 2024


Luto: Penha se despede de Cláudio Bersi de Souza

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Penha amanheceu em luto neste sábado, 20 de janeiro de 2024, com a notícia do falecimento de Cláudio Bersi de Souza (89 anos), o escritor e poeta da cidade que marcou profundamente o cenário cultural e político local. Ele estava em casa, no bairro Armação, onde se recuperava do tratamento de um câncer na bexiga, quando faleceu. O velório se inicia neste sábado, 20.

Cláudio Bersi iniciou a jornada literária em 1984 com a publicação de “Um Beijo na Tempestade”. A carreira, marcada pela versatilidade, começou nas cabines de embarcações de pesca e se estendeu às colunas de jornais, começando em 1968. Ao longo de quase cinco décadas, publicou mais de 30 livros, com destaque para romances, biografias, obras de autoajuda e de história, ultrapassando 40 edições. Sua última obra, “Nas águas da Babitonga”, foi publicada recentemente, reafirmando uma dedicação incansável à escrita e à cultura regional.

Seu Cláudio completaria 90 anos no dia 17 de fevereiro – Foto, Felipe Franco / JC

Também atuou na marinha mercante, foi comerciante, empresário da pesca e acompanhou todo o processo de emancipação e progresso do município de Penha desde a década de 1950. Além de sua contribuição literária, Cláudio Bersi de Souza teve papel fundamental na política de Penha. Ele foi vereador e presidente da Câmara Municipal entre 1963 e 1966. Sua liderança à época foi determinante para a eleição do prefeito José João Batista. O engajamento comunitário se refletia em seu apoio constante aos estudantes e na disposição em compartilhar conhecimentos.

O legado de Cláudio Bersi de Souza também alcança a música. É dele o lindo “Canto de Amor a Penha”, o hino do município. Em reconhecimento ao seu trabalho como pesquisador e historiador, ele foi agraciado com o Troféu Açorianidade Ilha Graciosa, concedido pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A graça foi concedida 35 anos após a publicação do seu primeiro livro.

No último dia 20 de dezembro, Cláudio foi reconhecido pela Fundação Cultural de Penha com o prêmio Franklin Bento de Trajetória Cultural. Ele recebeu Certificado, Troféu e um valor de R$ 2 mil por meio de recursos federais da Lei Paulo Gustavo (LPG) por toda contribuição na história e cultura literária de Penha. Em 2019, recebeu o Troféu Açorianidade , o principal prêmio da cultura açoriana em Santa Catarina, concedido pelo Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (NEA). Seu Cláudio ganhou o Troféu Ilha Graciosa, na categoria historiador.

A presidente da Academia de Letras de Penha, da qual seu Cláudio fazia parte, Maria Juraci Alexandrino, lamentou a partida. “seu Cláudio era o nosso mentor, um homem que deixará a sua história, deixará o seu legado. Lançou mais de 40 livros, participou ativamente de todos os debates da nossa Academia, pensando a cultura, literatura, a arte. Com certeza Penha e Santa Catarina estão de luto, porque um homem que verdadeiramente empunhou a bandeira pela cultura. Seu Cláudio Bersi dizia, sempre: Que é a cultura que transforma a vida das pessoas. Lamentamos muito a perda”.

Cláudio, apesar do tratamento de câncer, estava bem. Ele se sentia bem. Em 18 de dezembro do ano passado, escreveu para seu editor pessoal, o jornalista Luiz Garcia. Disse: “Estou me sentindo bem, cumprindo repouso, mas estou na minha rotina gostosa que é escrever… Dia 17/01 farei uma tomografia e dia 06/02 a avaliação em relação a possível aplicação de radioterapia… É um procedimento natural. Minha bexiga está funcionando naturalmente. A própria idade exige cuidados. Espero ficar bom”.

Luiz Garcia comentou com o jornalista e editor-chefe do Jornal do Comércio, Felipe Bieging, a respeito da troca de mensagens com o escritor Cláudio. Luiz fez um belo e emocionante relato daquela breve conversa de dezembro do ano passado:

“Resgatando essa mensagem, fiquei pensando na fragilidade da vida, no fio fino que nos prende a este mundo, a ponto de, em pouco tempo depois, vermos esse liame subitamente rompido, desprendendo nossos amigos deste chão de dores e alegrias em direção a um desconhecido Além. E de despedida em despedida, percebemos que o tempo nos consumiu os dias e, mais cedo ou mais tarde, é a gente que se junta a esse mistério que ao mesmo tempo nos afasta e nos aproxima de entes queridos. Cláudio Bersi foi um notável entre nós. Um homem que viveu como cada um de nós deveria viver até o último sopro: criativo e vibrante”.

O Adeus!
A despedida ao poeta e escritor Cláudio Bersi de Souza será a partir das 17h deste sábado, 20 de janeiro, com velório na Câmara de Vereadores de Penha. No domingo, o corpo será levado na Capela Mortuária de São João Batista, em Armação, para despedida até às 8h30min, seguido pelo sepultamento no cemitério da Capela.

RAFFAEL DO PRADO
RAFFAEL DO PRADO
Jornalista e mestrando de Comunicação Digital do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.

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