A família do professor, Roberto João Duarte, comunica que o velório se inicia às 17h30 desta sexta-feira, 4, na Capela Mortuária do Cemitério Municipal Jardim das Azaleias, em Balneário Piçarras. A família pede que um pedido do professor seja aceito: para que as homenagens sejam feitas com alimentos ou cestas básicas ao invés de coroas de flores.
Na visão do icônico mestre piçarrense, as flores irão para o lixo, enquanto os alimentos irão beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade social. O velório será encerrado às 10h deste sábado, 5, quando o corpo de Roberto seguirá para o ato de cremação.
Roberto Duarte estava internado no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, há uma semana. Sua partida, aos 72 anos, decorre de complicações da síndrome de Guillain-Barré (SGB). Ao longo de sua trajetória, teve seu nome eternizada pelo seu forte envolvimento na educação, religião e cultura.
A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença autoimune que atinge o sistema nervoso, podendo causar fraqueza muscular e paralisia. A doença é caracterizada por uma desmielinização, ou seja, um dano na bainha de mielina que envolve os nervos
QUEM FOI ROBERTO JOÃO DUARTE?
A jornalista piçarrense, Danielle Garcia, elaborou uma biografia de Roberto João Duarte. Ele nasceu em 3 de janeiro de 1952, na cidade de Piçarras, distrito do município de Penha na época. É graduado em Matemática e Física pela UNIVILLE, pós-graduado em Gestão Escolar pela UDESC, pós-graduado em Gestão Escolar pela UNIVALI, especialista em Avaliação Institucional pela UNIVALI e mestre em Educação pela UNIVALI.
Atuou como professor do Ensino Fundamental e Médio da rede pública estadual. Foi professor da EJA, da UNIVALI e da Faculdade AVANTIS. Já exerceu os cargos de diretor geral da Escola de Educação Básica Alexandre Guilherme Figueredo, secretário de Educação e Cultura do município de Balneário Piçarras na gestão 1989 a 1992 e 1997 a 1998, e foi vereador na Legislatura de 1993 a 1996.
Como professor, tem publicados os livros “Avaliação Institucional, Seleção dos conteúdos de matemática para o ensino fundamental” e “História da Matemática”, além de artigos publicados na revista Contraponto, capítulos de livros e trabalhos publicados em anais de eventos.
Autor e diretor de textos teatrais, crônicas e poemas, desde criança já trabalhava no circo e se inspirava e sonhava em atuar. Em 1973 montou sua primeira peça, mas foi em 1986 que fundou oficialmente o grupo teatral Gota D’água, que ficou ativo até meados de 1990. Ajudou a fundar em 2010 a Associação Teatral Filhos de Santo Antônio, escrevendo e dirigindo diversas peças do grupo e atualmente ainda escreve poesias, peças teatrais e histórias infantis. Desde 2010 mantém a atuação comunitária da Peça Encenação da Paixão de Cristo, mantendo a religiosidade dos moradores locais e os tornando protagonistas e atores na encenação, gerando sempre comoção local.
Teve seu primeiro livro infantil “Um lar para Michana” publicado em 2016. O seu segundo livro infanto-juvenil “Sinhá Preta”, foi lançado em 2019. O livro infantil “Mope” (2023), todos com financiamento do Edital Ivone Pires. Em 2024, foi aprovado no mesmo edital para o lançamento do Livro infanto-juvenil “As lendas de Cauê e a Lagoa do Peixe Rei”.
Assumiu em 2015 uma cadeira na Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina – Seccional Balneário Piçarras, e tinha como patrono na Academia de Letras, o poeta e dramaturgo Ariano Suassuna. Em 2022, foi homenageado pela Fundação de Cultura com o Prêmio Mérito Cultural Alcina de Oliveira Figueredo, reconhecimento por sua contribuição na área de teatro. Foi entrevistado pela Fundação de Cultura por duas vezes, uma em 2021 para falar sobre a Origem do Teatro em Balneário Piçarras e outra como Mestre do Saber em 2023, quando já estava adoentado. Era integrante das Câmaras Setoriais de Teatro, Literatura e Patrimônio Cultural, participando ativamente das discussões sobre a política pública para a Cultura. Adorava visitar as escolas para apresentar seus livros infantis, e mesmo com a visão já prejudicada por uma doença degenerativa, nunca deixou de ler e escrever poesias e histórias sobre a cidade.