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Piçarras
terça-feira 29 de abril de 2025


Balneário Piçarras se despede de Biri

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Foi encontrado sem vida na manhã desta terça-feira, 15, o piçarrense Mauri Tavares, o popular Biri. Seu corpo foi encontrado dentro da restinga da orla Norte de Balneário Piçarras. Figura popular no município, era conhecido pelo peculiar e acelerado andar e pelo jargão carregado de história: “vai trabalhar, vagabundo”.

Pessoas que caminhavam pelo calçadão localizaram o corpo de Biri, que tem cerca de 50 anos, e acionaram as forças de segurança. A Polícia Cientifica de Santa Catarina foi acionada para remover o corpo. Estima-se que sua morte tenha ocorrido há dois dias.

Foto, Jonatan Gentil

Bodyboarder nos áureos anos 90, era figura comum nas ondas da barra sul, a então conhecida por barrinha – que tinha uma esquerda clássica para Praia Alegre. De família humilde residente na região central de Balneário Piçarras, tinha grande cobrança interna por caminhos mais prósperos por meio do trabalho árduo de uma cidade ainda provinciana. Porém, acabou trilhando uma história oposta. O jargão que ecoava pelas ruas refletia a própria história.

O produtor cinematográfico e comerciante local, Jonatan Gentil, postou um texto em homenagem. “Biri caminhava pelas ruas de Piçarras como se o tempo o empurrasse, sempre com pressa, sempre envolto em seus próprios pensamentos. Seu bordão – “vai trabalhar, vagabundo” – ecoava como um lembrete ácido da luta diária, da necessidade implacável de sobreviver. No seu jeito, na sua urgência, havia mais do que palavras jogadas ao vento. Havia a síntese de um sistema que cobra sem dar, que exige sem perguntar, que empurra os invisíveis à margem sem ao menos reconhecer sua existência”, definiu.

Jonatan Gentil completou. “Agora, Biri não caminha mais. Sua voz não ecoa pelas esquinas. Mas sua frase persiste, como uma ironia cruel e um lembrete necessário. O mundo gira e continua exigindo esforço incessante, como se o descanso fosse luxo para poucos. Que sua lembrança resista ao esquecimento, e que sua história – assim como a música de Chico – seja um convite para refletirmos sobre aqueles que vivem à margem, sempre apressados, sempre invisíveis, sempre empurrados pelo tempo e pela cidade”.

NOTA DA PMSC
A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) informou que “a guarnição deslocou-se até o local após uma denúncia feita por uma cidadã, que relatou ter sentido um forte odor ao passar por uma área de restinga próxima ao calçadão, local com difícil acesso, e ter localizado um corpo em estado de decomposição. A área era frequentemente utilizada como abrigo por pessoas em situação de rua”

A nota da PMSC confirmou a identidade de Biri, mas que “devido ao avançado estado de decomposição, não foi possível identificar a causa da morte no local. Foram acionadas as equipes da Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias (IGP) e Instituto Médico Legal (IML), que compareceram ao local para os procedimentos de praxe. O corpo foi recolhido e encaminhado para exames periciais que poderão auxiliar na definição da causa da morte”.

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