A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a suspeita de desvio de dinheiro da Defesa Civil do Estado pela Prefeitura Municipal continua colhendo depoimentos que envolvem o prefeito Samir Mattar no caso. Recentemente foram citados os proprietários de lojas de Materiais de Construção, além da diretora do Circo Escola, Marlene D´Eça Campos, que declarou ter recebido R$ 35 mil em dinheiro do prefeito.
Segundo o relator da CPI, o vereador Fabio Brugnago, existiriam indícios da participação do prefeito na distribuição ilícita do dinheiro da Defesa Civil que era destinado a atender às vítimas dos vendavais. “A Defesa Civil do Estado esteve semana passada fazendo uma vistoria na cidade para avaliar os trabalhos de assistência prestados durante as enchentes e o vendaval e não encontrou nenhum beneficiário”, afirmou Fábio.
Depois do desastre o município teve seis meses para realizar a documentação de um relatório sobre a situação e as ações feitas, porém até agora nada foi entregue.
Dentro das declarações colhidas durante os depoimentos, foi mencionada pelos envolvidos a reunião entre o ex-chefe de Gabinete, Luiz Henrique da Silva, o ex-diretor da Defesa Civil municipal, Dalete Vieira, o prefeito, e o proprietário da loja Tamara Materiais de Construção, Delci Alves de Souza. No encontro teria sido combinado que o dono do estabelecimento deveria confirmar com a emissão de notas fiscais à Defesa Civil a compra de materiais que na teoria nunca teriam sido entregues, e devolver as somas de dinheiro para Luiz Henrique. De acordo com Delci, o ex-chefe de Gabinete do prefeito teria recebido R$ 38 mil das lojas Tamara e entregue essa soma para o prefeito.
Entre as versões que mais chamaram a atenção dos parlamentares estava o depoimento do representante da empresa G.Maiochi, Aílton Maiochi, que assegurou que o prefeito pessoalmente solicitou em dezembro de 2008 no seu estabelecimento, o conserto de um trator da Prefeitura que seria pago quando assumisse o cargo na administração. O vereador membro da comissão, Nivaldo Ramos, destacou o fato da versão envolver diretamente o prefeito e de que o trator teria sido pago sem licitação, tendo um custo de R$ 58 mil. “Parte do conserto foi pago em dinheiro (R$ 20.000,00) e o restante com cheques de empresas endosados pela loja Tamara”, reforçou Nivaldo.
Durante a sessão da comissão, que é presidida pelo vereador Carlos Alberto da Silva, “Tinho”, o minerador Joel Borges, afirmou ter efetuado serviços de macadamização de ruas para a Defesa Civil em dezembro de 2009. Para conseguir o macadame, segundo Borges, o futuro procurador jurídico da Prefeitura, Eurides dos Santos, pediu o valor de R$ 30 mil em uma reunião em seu escritório com a participação do ex-secretário Dalete e com o futuro prefeito Samir. Ele deveria entrar com um pedido de liminar para retirar o macadame de uma propriedade particular de Medeiros.
Em função das documentações e depoimentos adquiridos pela CPI, a Justiça poderá se envolver no caso através de uma ação.