Pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) divulgaram esta semana o resultado de um estudo em que confirmam o efeito da planta ‘ pata de vaca’ na diminuição do diabetes. A planta é também conhecida como insulina vegetal não por acaso. Os pesquisadores confirmaram que o chá produzido a partir das folhas da espécie Bauhinia forficata contribui para a atividade antidiabética.
Os estudos foram conduzidos com animais de laboratório, induzidos ao diabetes e tratados com o extrato bruto obtido das folhas de Bauhinia forficata. Os pesquisadores analisaram as substâncias isoladamente e identificaram entre elas a presença do flavonóide kaempferitrina, responsável pela ação hipoglicemiante, capaz de influenciar no tratamento reduzindo o nível anormal de glicose no sangue.
Agora a Univali está desenvolvendo, com a parceria da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), uma nova pesquisa para analisar o uso da Bauhinia forficata associado ao medicamento glibenclamida, largamente utilizado por pacientes portadores do diabetes mellitus, tipo 2. De acordo com a farmacêutica Chistiane Meyre da Silva Bittencourt, doutora e professora de química orgânica da Univali, esse novo estudo vai apontar se a associação da Bauhinia forficata ao medicamento convencional pode contribuir ou prejudicar o efeito da glibenclamida.
Uso prático já aplicado
O resultado da pesquisa da Univali vem reafirmar o que o terapeuta holístico Alexsander Vacaro já vem observando há pelo menos 10 anos em seu consultório e loja de produtos naturais. A planta pata de vaca é um das mais procuradas pelos consumidores e faz realmente o resultado esperado. “O resultado conseguido é realmente muito bom. Já tenho casos em que o tratamento com a pata de vaca deu tão certo que o próprio médico autorizou a redução da insulina sintética ou a manutenção apenas do tratamento com pata de vaca”, destaca o terapeuta.
Segundo ele, pesquisas como a Univali vêm reforçar um trabalho muito sério iniciado há cerca de 40 anos por um instituto nacional. O Instituto hoje já fechou mas deixou um legado de pesquisa que comprovou os efeitos da planta. “O que a Univali faz agora é identificar o princípio ativo da planta, o flavonóide kaempferitrina, responsável pela ação hipoglicemiante. Isso é fundamental para ajudar a indústria farmacêutica a elaborar um medicamento à base da erva e torná-lo comercializável. Isso é muito importante”, lembra Alexsander. Para ele, muito mais pesquisas desse tipo poderiam ser feitas para garantir e atestar os efeitos de muitas outras plantas medicinais que já são consumidas e cumprem seu papel na cura dos doentes.
O terapeuta afirma, por exemplo, que outras plantas já estão sendo usadas também em associação com a pata de vaca para o mesmo problema. “Eu indico sempre a pata de vaca associada à Pedra Ume Caá. Já tem pesquisas recentes revelando ainda que o pó da casca do maracujá também tem efeito fenomenal sobre a redução do diabetes”, destaca.
Consumidor deve ficar atento aos alertas para o uso indevido
Para Alexsander Vacaro, um dos alertas que precisam ser feitos é que o uso da planta nem sempre deve substituir o tratamento convencional médico. “Tudo tem que ser feito com cautela e em conjunto com a medicina tradicional. Não trabalhamos isoladamente. Se o médico autorizar a redução do tratamento para que possamos introduzir a erva, então vamos fazendo”, avalia. “Tem que ser um trabalho em conjunto, com seriedade e ética. Não vamos esperar que o paciente deixe tudo de lado e comece a usar aquele chazinho da vovó, aquela pata de vaca que ele tem no quintal apenas, porque não é assim que funciona”, alerta.
Segundo ele, existe uma orientação para o tratamento e deve ser seguida. Mesmo no tratamento só com as ervas, muitos cuidados precisam ser tomados. A farmacêutica Chistiane Meyre da Silva Bittencourt alerta, por exemplo, que a pata de vaca, assim como outras plantas, tem sofrido adulteração durante o processo de preparação para comercialização. No trabalho de iniciação científica conduzido por Indianara Engel e coordenado por Christiane Bittencourt foram analisadas seis marcas comerciais da espécie Bauhinia forficata e três ornamentais. O resultado mostrou que nenhuma das amostras ornamentais continha kaempferitrina, das outras, apenas duas eram compatíveis a planta certa e todas tinham mais de 2% de material estranho na composição.
A pesquisadora explica que a ação antidiabética é praticamente exclusiva da espécie Bauhinia forficata. “No Brasil, a pata de vaca mais conhecida é a espécie Bauhinia Variegata, que tem finalidade ornamental e características muito similares a Bauhinia forficata, mas que não apresenta o marcador químico kaempferitrina, relevante para tratamento do diabetes” esclarece.
Para Alexsander, o fundamental é o consumidor que quiser seguir o tratamento para a redução de seu índice glicêmico faça isso de forma orientada. “Deve-se comprar apenas em lojas que garantam que as ervas vendidas têm laudo técnico atestando a veracidade do material, para que não se compre gato por lebre”, alerta o terapeuta. Ele lembra que a planta em sim não traz riscos, se for a verdadeira e usada nas dosagens corretas.