A baixa adesão à vacinação infantil contra a Covid-19, em Balneário Piçarras e Penha, está motivando os municípios a realizarem ações específicas para incremento no percentual de imunização. Isso porque, somente 30% das crianças entre 5 a 11 anos tomaram o imunizante, enquanto 80% do resto da população se vacinou com duas doses – cenário que pode colocar os jovens situação de maior vulnerabilidade à doença.
Em números mais precisos, datados de quarta-feira, 16, Balneário Piçarras vacinou 33,64% dentre 2.874 crianças e Penha 31,94% entre 3.600 possíveis – ambos os municípios utilizam doses avalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da Pfizer e Butantan. As doses podem ser encontradas, sem necessidade de agendamento, em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS´S) dos bairros piçarrenses e penheses.
“Se toda a população idosa e adulta se vacinar, esses níveis (de crianças acometidas pela doença) podem se tornar mais elevados”
VIRLEI PRIMO JUNIOR, MÉDICO
Na visão do clínico geral que atua diretamente junto aos programas de saúde familiar, Virlei Primo Junior, a desproporcionalidade de imunizações entre os públicos pode colocar as crianças como alvo da doença. “Se toda a população idosa e adulta se vacinar, esses níveis (de crianças acometidas pela doença) podem se tornar mais elevados. Isso vem preocupando os profissionais médicos e profissionais da saúde. Nós observamos essa possibilidade com muito temor”, analisa.
Tanto Balneário Piçarras, quanto Penha, têm ações planejadas. “As unidades estão realizando busca ativa dessas crianças através do trabalho das agentes comunitários de saúde, que orientam os pais para levar os filhos para se vacinarem”, detalha a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Balneário Piçarras, Alessandra Reckziegel. Em Penha, campanhas de publicidade ganharão ênfase nas redes oficiais do Governo Municipal.
“Ainda há certo receio na vacinação infantil, mas vejo que é um medo totalmente desnecessário, talvez por falta de informação ou pela alta propagação de fakenews”
RODRIGO MEDEIROS, SECRETÁRIO DE SAÚDE DE PENHA
“Ainda há certo receio na vacinação infantil, mas vejo que é um medo totalmente desnecessário, talvez por falta de informação ou pela alta propagação de fakenews”, analisa o secretário de Saúde de Penha, Rodrigo Medeiros, solicitando que os pais ou responsáveis levem as crianças até uma UBS. “Precisamos avançar neste cenário, por isso, buscamos sensibilizar os pais e responsáveis a levarem as crianças”, completa.
A moradora do Nossa Senhora da Conceição, Andreia Umbelino, tem duas filhas ainda em idade vacinal: Nicole (12 anos) e Nauali (9 anos). A mais velha já foi vacinada, mas a mãe adiantou que também vacinará a menor. “Nauali fica com o pai, que ainda tem dúvidas sobre a vacina. Eu quero que ela seja vacinada, porque vacinei Nicole. Vacinamos nossas crianças várias vezes com a gotinha contra a poliomielite e não devemos ter medo da vacina da Covid”, opina a mãe.
Ela sabe que a vacinação não impedirá categoricamente suas filhas de contraírem a doença, mas crê que um possível adoecimento resultará em sintomas mais brandos. “As várias doses vêm para reforçar e amenizar os sintomas. Eu mesma contraí o vírus duas vezes depois de ser vacinada e, por isso, só tive reações leves”, encerrou a mãe.
Virlei Primo defende uma maior divulgação da necessidade vacinal entre o público de 5 a 11 anos, como forma de desmistificar quaisquer receios folclóricos. “Na minha visão, não tem um único motivo, mas sim alguns e que dentre eles podemos citar as fakenews e medo das reações adversas que as vacinas podem causar. Alguns acreditam que a imunidade natural seja o melhor caminho, outros esperam mais tempo para avaliar melhor a segurança das vacinas. Enfim, acredito que a política pública também deixou a desejar nesse quesito, contribuindo para desconfiança de uma parcela da população na vacinação e na evolução de casos graves em crianças e o resultado é o que estamos vendo. A vacina é a melhor prevenção”, decretou.