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terça-feira 18 de março de 2025


Pesquisadores avaliam queda na captura

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Dados coletados pela equipe de pesquisadores do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) apontam para uma avaliação nada animadora para a pesca da sardinha no litoral das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Segundo o CTTMar, a pesca da sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) nessas regiões vem apresentando quedas significativas na produção nos últimos seis anos. Em 2002, a captura no Estado de Santa Catarina atingiu dez mil toneladas, o que indica uma produção nacional estimada em 18 mil toneladas. Para o ano de 2003, cálculos feitos pela equipe prevêem uma produção nacional de aproximadamente 30 mil toneladas.


Segundo o pesquisador Paulo Ricardo Schwingel, esses números estão muito aquém da produção brasileira de 1997. “Naquele ano, o Brasil alcançou 118 mil toneladas”, revela. Acompanhando semanalmente os índices de desembarque do pescado nos portos pesqueiros de Santa Catarina, Schwingel aponta que, aliado à essa queda na produção, estudos sobre o ciclo reprodutivo da espécie, entre 1998 e 2003, indicaram uma antecipação do período de desova.


“Nos últimos dois anos, o período de desova da sardinha-verdadeira teve início a partir de 15 de outubro, prolongando-se até 15 de março, enquanto que o período de defeso esteve entre 1 de dezembro e 28 de fevereiro, e observamos essa mesma tendência para este ano”, comenta o pesquisador. Segundo ele, esse fato mostra que o período de defeso atualmente em vigor não está sincronizado com o período de desova, situação que pode provocar danos irreparáveis a este importante recurso pesqueiro.


Schwingel ressalta que a baixa produção pesqueira observada no ano de 2002 pode estar associada às elevadas capturas ocorridas em novembro de 2001, em período de desova. Diante desses fatos, e considerando alguns aspectos importantes sobre a desova da espécie e da sobre exploração clara da sardinha verdadeira, o pesquisador afirma que é possível reverter essa situação devido às características biológicas da espécie. “É primordial que se reveja todo processo de ordenamento da pescaria da sardinha-verdadeira, especialmente com relação ao período de defeso, que se encontra posicionado de forma inadequada”, comenta. “Os órgãos responsáveis pela pesca em nosso país, como a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, subsidiados pelas informações científicas, podem implementar medidas para um ordenamento adequado e recuperação da maior pescaria brasileira, através da formação de um Comitê Permanente de Gestão para Sardinha, apoiado por um Comitê Científico, que faria as recomendações necessárias para o desenvolvimento sustentável da atividade”, sugere.

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