Eles chegam do extremo sul da América do Sul à procura de alimento, já debilitados, sujos e com frio, e é em Penha que ganham abrigo e cuidados especiais. Os pingüins da Patagônia são visitantes certos nesta época do ano e, em sua maioria, hóspedes do Laboratório de Reabilitação de Aves Marinhas do Centro de Ciência Tecnológica da Terra e do Mar (CTTMar), da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Atualmente, já são dez em tratamento no laboratório em Penha.
De acordo com Gilberto Caetano Manzoni, coordenador do laboratório, nessa incrível jornada , algumas dessa aves sofrem com a contaminação por óleo, que os debilita interna e externamente: “O óleo danifica a função de impermeabilidade das penas fazendo com que a água alcance a pele do animal. Conseqüentemente as aves sentem frio pela queda da temperatura corporal. Nesse momento ele sai da água para se aquecer”, destaca o coordenador. Em terra firme, moradores da região ou órgãos ambientais, ao encontrarem o visitante, entram em contato com o Laboratório de Reabilitação de Aves Marinhas do CTTMar/Univali que, desde 1994, atua no município.
Apesar de ganharem mais visibilidade, os pingüins não são os únicos hóspedes do laboratório. Entre as espécies de aves mais comuns presentes na região da Penha, durante todo o ano, estão gaivotas, trinta réis, atobás e tesourões. Além desses, o laboratório já recebeu tartarugas, leões e lobos marinhos. Segundo os pesquisadores, a ocorrência desses animais proporciona o monitoramento das espécies na região e principalmente sua recuperação.
O professor explica ainda que a recuperação destes animais acontece no combate imediato aos efeitos primários, como stress, hipotermia, desidratação, problemas gastrointestinais pela intoxicação por meio da ingestão do óleo e outras substâncias prejudiciais e lesões causadas por capturas acidentais em redes de pesca. “Cada animal é um caso diferente, e sempre existirão fatores que modificarão os protocolos existentes. Estas tarefas são grandes desafios que merecem todo o nosso esforço e dedicação, pois o nosso empenho e obtenção de conhecimento é uma alternativa de sobrevivência a estas espécies” defende o pesquisador.
A atuação dos pesquisadores é totalmente mantida com recursos institucionais e conta com o serviço de um professor responsável, uma bolsista e muitos voluntários. No local, há um auditório de 60 lugares, destinado a realização de palestras com a finalidade de promover educação ambiental para escolas e comunidade. Gilberto conta que, após a recuperação, as aves são liberadas sob condição de estarem absolutamente sadios, selvagens e aptos para desenvolver suas atividades normalmente.
Se o morador ou visitante da região encontrar algum pingüim, ave ou animal marinho na praia, não deve pegar, e sim avisar o Laboratório de Recuperação de Mamíferos e Aves Marinhas do CTTMar/Univali. O telefone do laboratório é (47) 3345-5980 ou 9989-5316, com Gilberto.