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segunda-feira 24 de março de 2025


Nova placa corrige erro histórico sobre costão em BV

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A Fundação Municipal de Cultura reparou no dia 27 de maio um erro histórico sobre o nome e fatos que promoveram a denominação do Costão dos Náufragos, e que estava mal explicado numa das placas alusivas ao acontecimento. Através de uma parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, foi instalada uma nova placa de mármore no Cruzeiro dos Náufragos, localizado ao lado do costão de pedras na praia central de Barra Velha.
A placa traz um novo enunciado, baseado em estudos do historiador José Carlos Fagundes, que preside a Fundação de Cultura. Segundo Fagundes, na placa anterior que estava instalada no cruzeiro, aparece uma homenagem aos náufragos brasileiros que haviam participado da guerra do Paraguai. “A inscrição afirmava que eles vinham da guerra em 1866. Na verdade, eles iam em direção a este conflito um ano antes, em 1865. Eram voluntários da Pátria da Província de Paraíba, e naufragaram na altura de nosso costão central”, explicou o historiador.
Segundo o presidente da Fundação de Cultura, o objetivo da troca foi resgatar a fidelidade histórica. Cacá, entretanto, não sabe como esse erro de informação foi cunhado na placa original, dos anos 80. Na avaliação de Fagundes, o erro não foi do historiador Acácio Borba, já falecido. Acácio, em textos anteriores, não errou na troca de datas.
“Talvez de algum pesquisador, que duvidou do fato histórico e pode ter errado na hora de cunhar a inscrição original”, sugere o presidente. Fagundes levantou detalhes mais completos do episódio histórico com jornais de época do Arquivo Público do Estado. A partir daí, elaborou um projeto com a justificativa, e obteve apoio do presidente da CDL local, Elias de Aguiar Sobrinho. A nova placa conta com o logotipo da CDL e o brasão da cidade.

Naufrágio histórico
Em 1865, os soldados que integravam o 47º Corpo de Voluntários da Pátria da Província da Paraíba naufragaram no vapor Pedro 2º durante uma tempestade caminho à Guerra do Paraguai, em frente à costa da freguesia de Barra Velha. Os sobreviventes até mandaram rezar uma missa solene na Igreja Matriz do Desterro, em Florianópolis, em 3 de julho daquele ano, para agradecer a Deus por terem escapado de uma grande tormenta em alto-mar e conseguirem refúgio no atual município. Cacá encontrou registros dessa missa na Biblioteca Pública do Estado, em Florianópolis.
Fagundes inclusive identificou uma foto do tenente coronel da guarda nacional, Luis Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, comandante do corpo de voluntários. Maranhão era bacharel e fazendeiro conceituado na sua terra natal, abandonou tudo e seguiu para a Guerra do Paraguai. O período em que ele e sua tropa ficaram refugiados nas terras de Barra Velha foi entre 23 de junho e 1º de julho de 1865 – dois dias antes da missa celebrada em Desterro.
O navio que transportava o regimento para o conflito sofreu avarias na orla de Barra Velha. Luis Inácio comandou durante muito tempo o 47º Corpo de Voluntários, e também a 10ª Brigada de Infantaria em 1868. Perdeu a vida no ataque às “Lombas Valentinas”, em 21 de dezembro de 1868, três anos depois do refúgio acontecido, no hoje conhecido Costão dos Náufragos, em Barra Velha.

Foto por: Ezequiel Díaz Savino

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