Milhares de pais e mães no Brasil querem adotar uma criança. Milhares de crianças brasileiras estão em abrigos à espera de adoção. A equação final parece ser fácil ser resolvida: juntar os pais interessados às crianças e adolescentes disponíveis, garantindo um final feliz para a nova família. Na prática, porém, o assunto é muito mais complexo e delicado. A maioria dos pais está a procura de meninas brancas e com idade até 2 anos. Já a grande maioria das crianças à espera de adoção é de meninos negros com mais de cinco anos. A dificuldade é ainda mais agravada quando as estatísticas revelam que a adoção ilegal (sem os trâmites legais da Justiça) ainda é um caminho muito procurado por boa parte dos pais.
Para evitar que essa situação continue fazendo parte das estatísticas e para que a adoção seja feita por um caminho responsável e menos doloroso, o Juizado da Infância e Adolescência da Comarca de Balneário Piçarras lançou nesta quinta-feira, dia 17, uma Campanha em prol da cidadania e pela Adoção Responsável. O lançamento aconteceu no Salão do Juri, do Fórum da Comarca de Balneário Piçarras, com a presença de inúmeras autoridades judiciárias e convidados de diversos setores das comunidades locais de Piçarras e Penha. A psicóloga forense Marli Terezinha da Silva também explanou sobre a importância do vínculo na Adoção Responsável, comentando sobre casos e destacando a formatura da segunda turma de pais do curso para pretendente à adoção na Comarca.
A campanha encabeçada pela juíza Joana Ribeiro Zimmer tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as condições de vida das cerca de 80 mil crianças e adolescentes que vivem em abrigos no País. A iniciativa da juíza é despertar o interesse da comunidade local e dos setores diretamente ligados na proteção dos direitos da Infância e da Juventude na região para levantar a bandeira da Adoção Responsável, que é de maneira legal, ou seja, por meio do Cadastro Único do Poder Judiciário (CUIDA). “Buscamos a garantia do direito do nasciturno (aquele que está sendo gerado), a garantia do direito das crianças e dos adolescentes residentes em Penha e Balneário Piçarras e da verdadeira cidadania”, destacou a juíza Joana Riberio Zimmer. “E essa cidadania se constrói diariamente, em pequenas ações de garantia dos direitos e com o reconhecimento do direito do outro, e isso começa quando este ‘outro’ ainda sequer nasceu e está sendo gerado no ventre de uma mulher”, destaca a juíza.
A intenção da campanha local é estimular diversos setores da sociedade a se mobilizarem sobre o tema, garantindo discussões e o cumprimento efetivo da lei 12.010/2009, mais conhecida como Lei Nacional de Adoção – Lei Cléber Mattos. “Precisamos desse envolvimento da sociedade como multiplicadores das informações da lei e como fiscalizadores do cumprimento dela”, destacou a juíza. Para ela, o próximo passo será dado pelos vários segmentos das comunidades presentes, culminando com o reencontro e apresentação dos trabalhos desenvolvidos no dia 25 de maio, às 15 horas, no Tribunal do Juri da Comarca, para as comemorações do Dia Nacional da Adoção.