Inaugurada no último sábado, 25, as obras de fixação do molhe e dragagem do rio Itajuba sofreram um revés dias depois. Na terça-feira, 28, a boca da barrinha voltou a fechar por conta do acúmulo de areia, prejudicando a navegabilidade e colocando em cheque a real eficiência obra. O prefeito de Barra Velha, Claudemir Matias (PSB), considerou o fato “normal” e atribui o bloqueio do canal a um “ressacão”.
“Normal nesse tipo de obra devido ao ressacão. Logo faremos a abertura. Não ocorrendo a ressaca a obra permanece 5 meses com o canal aberto. No Porto de Itajaí tem uma draga constante para manter o canal aberto”, explicou o prefeito. O Governo Municipal gastou R$ 1.131.000,00 na obra, construindo o molhe de 100 metros de extensão (com 8 mil metros cúbicos de pedra) e promovendo a dragagem do canal.
Na visão dos pescadores consultados pelo Jornal do Comércio, a obra se mostrou ineficiente. Para alguns deles, que conversavam a beira do rio enquanto observam a tentativa dos barcos em cruzarem o canal, será necessário construir um molhe na outra margem. Moradores locais também observam tal tese como a solução.
Marcos Junghans, da ONG Viagem Família, por exemplo, pontuou no início da obra que a construção de apenas um molhe não resolveria o problema. Para ele, a obra foi mal executada e deveria ter abrangido ainda outras questões. “Não pontuei apenas sobre ser contra a obra em si, mas pela forma como foi executada. A obra em questão é sobre o rio e as inúmeras agressões ao rio é que provocaram os problemas que ele hoje apresenta”, analisou.
Matias, contudo, discordada da tese de que um segundo molhe seria a solução para o não assessoramento da boca da barra do Rio Itajuba. “Não pois o mar entra igual no canal e traz a areia. Quando a ressaca vem ela mexe com todas as nossas praias e inclusive com a barrinha”, acredita.
“Esse tipo de obras e outras à beira mar sempre vão influenciar em reparo ou manutenção. Nossa casa não pega ressaca mais cada 3 anos temos que fazer a manutenção imagine uma obra que sofre ação direta do mar”, analisou o prefeito. A obra foi realizada diante da promessa de garantir a navegabilidade e também permitir total escoamento da água do rio, evitando alagamento nas ruas mais baixas da região.
“Não adianta tentar maquiar a erosão e falta de fluxo de água no leito do rio se todo o entorno que antes era um ecossistema viável foi destruído. Recuperação de matas ciliares, reflorestamento com mata nativa das antigas nascentes, eliminação de ocupação desordenada ao longo do rio com despejamento de esgotos são algumas medidas. Se reavivarmos o rio com bons projetos ecologicamente viáveis e baratos resolvemos o problema na foz do rio. Ali é apenas o sintoma final, a doença é mais acima”, completa Marcos, seu pensamento de projeto de recuperação mais complexo.
A obra, que era esperada a mais de 30 anos pela comunidade local, também pode estar influenciando diretamente nas correntes marítimas junto à Praia do Grant. Na última semana, por exemplo, uma forte ressaca atingiu a praia e a maré chegou à rua.
O Ministério Público de Barra Velha, por meio do inquérito civil 06.2016.00001413-4 está apurando supostas irregularidades no licenciamento e na execução de obras, contratadas pela administração do município de Barra Velha, de fixação, dragagem e desassoreamento da barra do rio Itajuba.
Foto por: Felipe Bieging | JC