A Associação de Municípios da Foz do Rio Itajaí (Amfri) acaba de criar a Comissão Intersetorial para mulheres vítimas de violência. Profissionais técnicos da área da Assistência Social, Comunicação, Educação, Jurídico, Saúde e Segurança Pública dos onze municípios da entidade formam a Comissão – focada em realizar um diagnóstico regional. O grupo foi formado durante a reunião dos prefeitos, dia 6.
A assistente social da AMFRI, Neuza Bottega, explica que a iniciativa surgiu tem intuito de agrupar todos os dados para que tenha um fluxograma regional, com dados reais e atualizados, para posteriormente disponibilizá-los para a população.
“Uma vez que o trabalho de coleta de dados seja finalizado, é possível buscar formas para melhorar o atendimento e acolhimento dessas mulheres. Conseguiremos trabalhar de forma integrada entre os 11 municípios, produzindo campanhas regionais de orientação e contra a violência doméstica. Pela complexidade da Comissão e por abranger toda uma região, este é um trabalho de médio a longo prazo”, explica.
O presidente da AMFRI e prefeito de Porto Belo, Emerson Stein,explica que o primeiro passo para formar uma rede de apoio regional foi dado. “Instituímos a comissão, com técnicos da AMFRI e dos municípios. Esse foi o primeiro passo. No próximo ano, já começamos a trabalhar com uma proposta de trabalho e em planos de ações. É um trabalho longo, que requer o contato direto com a rede já existente nos 11 municípios, mas, temos certeza que terá um resultado maravilhoso futuramente”, destaca Emerson.
VIOLÊNCIA INTENSIFICOU NA PANDEMIA
Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho deste ano.
Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. A porcentagem representa estabilidade em relação à última pesquisa, de 2019, quando 27,4% afirmaram ter sofrido alguma agressão.
As agressões em ambiente doméstico representaram 42% em 2019 e 48,8% em 2020, enquanto as violências sofridas nas ruas foram de 29% para 19%. Cresceram também os casos em que os agressores são companheiros, namorados e ex-parceiros. Com as mulheres acima de 50 anos, há maior aparição de filhos e enteados nos casos de violência.
“Estamos falando de pessoas da família, que caracterizam esse fenômeno que não é uma violência doméstica como a gente tende a pensar no sentido de ser uma violência só do companheiro. Mas é uma violência intrafamiliar, que está acontecendo ali no seio da família”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP.