A Prefeitura de Balneário Piçarras confirmou que estuda extinguir permanentemente as vagas de estacionamento de veículos ao longo de toda a Avenida José Temístocles de Macedo (Beira Mar). A possibilidade está sendo avaliada com base no Plano de Mobilidade para incremento na malha cicloviária e também em solicitação da Polícia Militar de Santa Catarina – pautada na temática da segurança pública.
“Sim, a Prefeitura estuda extinguir as vagas de estacionamento na beira-mar. A intenção da administração pública é oferecer mais qualidade de vida para pedestres e ciclistas e melhorar a mobilidade urbana”, confirmou o secretário de Planejamento da Prefeitura, Rodrigo Meirinho Morimoto. Ele detalha que a extinção das vagas vai ao encontro de ações previstas no Plano Diretor, na aba do Plano de Mobilidade Urbana, focando em mobilidade continuidade à ciclovia.
“O Plano de Mobilidade Urbana prevê Diretrizes e Objetivos no item ‘Cicloviário’, como a promoção de uma rede cicloviária e considera ações em espaços segregados ou compartilhados para a circulação de bicicletas”, acrescentou o secretário. A decisão, que pode ser tomada já nesta temporada, ainda será norteada pela Lei Municipal 777/2020, que instituiu a Semana Municipal de Incentivo ao Ciclismo.
“Que traz no inciso III do art. 4º um dos objetivos da lei, que é ‘buscar soluções para a viabilização de vias exclusivas para os ciclistas, trazendo assim melhorias para o trânsito’. bem como inciso VII do art. 14º, que destaca que a administração pública deve ‘dotar os espaços de uso público e coletivo de plena acessibilidade, dispondo de passeios acessíveis, ciclovias e transporte coletivo em conformidade com o preconizado no Plano de Mobilidade Urbana'”, reforçou Rodrigo.
Um ofício enviado pelo capitão da Polícia Militar de Penha, João Gabriel de Moura Iglesias – que também responde por Balneário Piçarras – dá sustentação ao Governo Municipal para a possível extinção das vagas. “Além disso, a eliminação das vagas é um pedido do comando da Polícia Militar de Balneário Piçarras, conforme ofício enviado ao gabinete do prefeito Tiago Baltt esta semana. A PM já havia feito a solicitação extraoficialmente, e esta semana oficializou o pedido”, encerrou o secretário.
No ofício, que a reportagem teve acesso, o capitão pede a retirada das vagas diante do alto número de denúncias referindo-se ao abuso de som automotivo e consumo excessivo de álcool. “A retirada do estacionamento na referida avenida, uma vez que impactará de forma positiva na ordem pública do município, deixando as guarnições liberadas para o policiamento preventivo, além da melhoria do trânsito proporcionada pela construção de uma ciclovia em seu lugar, a exemplos de outas cidades”, cita o capitão no documento.
O comerciante Edson Luiz da Costa, que mantém um estabelecimento há anos na avenida turística, procurou a reportagem para manifestar opinião favorável a decisão. Testemunha e também, por muitas vezes vítimas, ele afirma que há muitos abusos por conta do som automotivo elevado e consumo exagerado de bebidas alcoólicas e uso de drogas – especialmente, maconha.
“É uma questão que ultrapassa a mobilidade urbana e avança para segurança pública. Uma pequena minoria abusa do direito e interfere no cotidiano de toda uma região turística. Há muita coisa envolvida e que limitam muitas famílias a passearem pelo calçadão em determinados momentos do dia. Eu apoio e defendo esse projeto de extinção das vagas”, categorizou o comerciante.
* A reportagem foi atualizada às 11h45, com a opinião do comerciante Edson Luiz da Costa
Foto por: FELIPE FRANCO, JORNAL DO COMÉRCIO