Terminou nos primeiros minutos da madrugada desta quarta-feira, 1º de novembro, o júri popular de Mayke Augusto dos Santos e Jilio Lenonn Vieiro – denunciados pela tentativa de homicídio de Kauê de Aquino Marafiotti e pelo assassinato de Guilherme Felipe de Borba, crime ocorrido no ano de 2013, em Balneário Piçarras. Mayke foi sentenciado a mais de 18 anos de prisão, enquanto Jilio foi absolvido pelo conselho de sentença, decisão que revoltou os familiares.
“Isso não é justiça pela vida do meu filho. Absolveram um criminoso, alguém que esteve diretamente envolvido na morte do meu filho, um adolescente com uma vida inteira pela frente”
EDILEIA MARIA MORAES
FOTO, FELIPE FRANCO / JC
“Isso não é justiça pela vida do meu filho. Absolveram um criminoso, alguém que esteve diretamente envolvido na morte do meu filho, um adolescente com uma vida inteira pela frente. Mas, a justiça de Deus não falha”, desabafou a mãe de Guilherme, Edileia Maria Moraes. Na época do crime, ele tinha 17 anos. Nas duas primeiras fileiras do Tribunal do Júri do Fórum de Balneário Piçarras, familiares acompanharam as mais de quinze horas de julgamento. Eles vestiam camisetas brancas, estampando a foto de Guilherme e a frase: Justiça, todos por você.
Conforme as investigações, Jilio teria dado o soco na face de Guilherme – que acabou sendo alvejado na sequência por Mayke. A projétil acertou o rosto do adolescente, centímetros abaixo do olho esquerdo. Ele faleceu na hora. Para a família, assim como na tese da 2ª Promotoria do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), representada pela promotora Ana Laura Peronio Omizzolo, o golpe e sua participação nos fatos influenciariam diretamente na morte de Guilherme. Kauê foi alvejado nas costas e sobreviveu. Ele também acompanhava o julgamento.
A defesa de Jilio, feita pelos advogados Emmanuelle de Souza Teixeira e Wagner Batista Cardoso, alegou que ele apenas agrediu o adolescente e que não participou do assassinato – tese que foi aceita pelos sete jurados. Já Mayke, autor confesso dos disparos, foi condenado a 18 anos e 8 meses pelos dois crimes. Pelo homicídio, a pena foi de 14 anos. Já pela tentativa, a pena foi cravada pelo juiz Luiz Carlos Vailati Junior em 4 anos 8 meses. Mayke não participou da audiência por já possuir outro mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas e posse de arma de fogo.
Mas, seus advogados o representaram. Eles buscavam uma diminuição da pena, alegando legítima defesa putativa. Na versão apresentada, Mayke tinha a suspeita de que Guilherme – ou amigos que o acompanhavam – possuísse uma arma. Em seu depoimento na Polícia Civil, ele afirmou que efetuou disparos em direção ao grupo, sem um alvo definido.
A promotora de justiça foi interpelada pela reportagem logo após o término do julgamento, por volta das 00h15. Citou que comentaria o caso e se recorreria da absolvição ao longo deste quarta-feira, 1º de novembro – posição ainda não recebida pela reportagem. Assim que houver, a matéria será atualizada.
O crime ocorreu na madrugada de 24 de março de 2013 – na esquina da Rua Alexandre Guilherme Figueredo com a Avenida Emanoel Pinto. Guilherme e seus amigos teriam discutido com Mayke e Jilio em uma casa noturna na orla de Balneário Piçarras. Enquanto voltavam a pé para casa, os adolescentes foram interpelados pelo carro guiado por Mayke. Houve uma nova discussão e os disparos que ceifaram a vida do jovem. Um morador das proximidades presenciou os fatos.