As gotas de água voltaram a cair do céu e afastaram não só a poeira das estradas da zona rural, mas também, a palavra alerta do vocabulário dos bananicultores. Após um período de estiagem, que ocasionou uma leve queda na produção, os primeiros dias consecutivos de chuva foram celebrados pelos produtores de Balneário Piçarras. Contudo, a previsão climatológica desta primavera não é animadora para o setor.
O comerciante Sérgio Afonso Correa – que compra e vende a fruta dos produtores locais – afirma que durante o período sem chuvas sua intermediação reduziu. Ele comercializava, semanalmente, 14 mil caixas de bananas e passou para 11 mil durante a estiagem. “Em uma semana de negociações o prejuízo é grande”, afirma. Seus maiores compradores são os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
“É complicado o cliente pedir o produto e você não ter a quantidade”, lamenta. Apesar de muitos bananicultores terem afirmado que a produção não foi fortemente afetada, Sérgio salienta que a estiagem tem vários reflexos para quem trabalha com quantidades maiores. “Com a falta de chuva os bananicultores atrasam o corte e desenvolvimento da fruta é mais demorado. Se existe esse atraso, existe a falta”, explica.
A agricultora Sebastiana de Lima revela que não contou prejuízos em seus 23 mil pés de banana. Ela atribuiu à sorte e fé para não ter a evolução do fruto afetada. “Graças a Deus não tivemos prejuízos. Aplicamos o adubo que recebeu uma das últimas chuvas antes do período de seca”, comemora. Ela, no entanto, revela sua angústia pela ausência das gotas. “Essa chuva vale ouro. Veio em boa hora e em quantidade correta, dando continuidade a produção”, completa.
Apesar da celebração ao retorno das gotas, a primavera deve ser seca. Segundo o Laboratório de Climatologia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o período de chuva deve ser abaixo da média histórica dos últimos anos, que é de 15 dias de chuva em cada mês da estação. O período ainda vem acompanhado do fenômeno “La Ninã”, que é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico na área próxima à América do Sul e traz, para a região Sul, irregularidade na precipitação e temperaturas menores, que não favorecem a bananicultura.
De acordo com informações do Sindicato de Trabalhadores Rurais, hoje, a produção de bananas é a principal atividade agrícola de Balneário Piçarras. Ela ultrapassa a rizicultura e pecuária, outros ramos de destaque no interior. Um dos fatos que segundo o presidente do Sindicato, Flávio Tironi, pode ter feito a bananicultura se popularizar é sua constante produção. “Hoje, um bananal bem cuidado produz uma grande do fruto toda semana, favorecendo o lucro do agricultor”, acredita.
Casan também fica aliviada
Apesar de não haver registros de falta de água nas torneiras de Balneário Piçarras Penha, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) afirma que a chuva foi de suma importância para o retorno dos níveis dos reservatórios de água. “Por enquanto ainda não estávamos em alerta”, garante o gerente local da Casan, Luiz Calos Pereira.
“Porém essa chuva já coloca o nível da nossa lagoa de decantação no normal”, complementa Pereira. Recentemente a lagoa passou por um trabalho de limpeza, que aumentou a profundidade do reservatório responsável pela distribuição de água nos dois municípios. “Graças a essa limpeza nosso nível não foi muito afetado durante esse período sem chuvas”, afirma.
Foto por: Felipe Bieging | JC