A apresentação da Campanha Saco é um Saco do Ministério do Meio Ambiente trouxe aos comerciantes do município prejuízo econômico e desconfiança. A ação de um estelionatário que prometeu trazer sacos ecologicamente corretos para distribuir através de uma parceria em dinheiro com os lojistas locais resultou em mais de R$ 3.500,00 de prejuízo para o comércio local. Ainda existe suspeita de que o prejuízo tenha sido maior, porém não houve levantamento de todas as pessoas que poderiam ter sido lesadas.
O suspeito em questão se apresentou, no final de janeiro, com o nome de Geraldo Gonçalves Filho, se dizendo coordenador da Sociedade Civil Preservação, de São Sebastião, do Estado de São Paulo, que aparece como “apoioadora” da campanha nacional do Ministério do Meio Ambiente “Saco é um Saco”. Através dessa nomeação, o ‘delinquente’ conseguiu que a Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema) desse respaldo à campanha junto com a Prefeitura Municipal. O suposto Geraldo colocou nos cartazes da campanha a logo de ambas entidades públicas e assim conseguiu mais patrocinadores.
Modus Operandi
Para vender a ideia, o estelionatário informava que o próprio Ministério repassava as sacolas ecológicas de graça para ele e que o único custo para o patrocinador participar da campanha era a impressão da logomarca da empresa na bolsa. O patrocínio teria sido vendido pelo menos para doze empresários, em valores entre R$ 200 e R$ 350.
A primeira denúncia a ser recebida foi da proprietária da Padaria da Leia, Maurileia Nair Machado, que apresentou um boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil. Logo depois outros lojistas e representantes de estabelecimentos também decidiram registrar as suas queixas. O estelionatário Geraldo já teria sumido do município e deixado os comerciantes sem as anunciadas sacolas. Toda a mídia regional, incluindo rádio e televisão, anunciou de forma positiva uma campanha, que acabou virando tragédia e volta a ser manchete agora, através do JC.
Investigações
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Barra Velha, Wilson Masson, o suposto Geraldo Gonçalves Filho possui quinze processos por estelionato na Justiça, no Estado de São Paulo. A situação foi comunicada às delegacias da região e caso qualquer morador ou empresário tiver conhecimento da situação pode prestar informações ou apresentar denúncia na sua respectiva delegacia da comarca. “Vou pedir a prisão preventiva do denunciado, porém ainda existem vários processos prévios a serem apreciados. A Polícia Civil continua investigando o caso e pedimos a colaboração da comunidade para esclarecer a situação”, pediu o delegado, já que muitos dos comerciantes lesados ainda não prestaram queixa.
A coordenadora da Campanha Saco é um Saco, do Ministério do Meio Ambiente, Fernanda Daltro, informou ao JC que o Ministério atua sem nenhuma entidade como intermediária e que não são disponibilizadas sacolas para nenhuma entidade que seja apoiadora do projeto. “O Ministério não cobra nada de cidadão nenhum. Para participar o próprio município pode aderir à campanha e entrar diretamente em contato com o Ministério, mas não há intermediários. Por desgraça esta não é a primeira vez que acontece uma situação destas. São erros que vamos corrigindo”, explicou a coordenadora, que já está tomando providências para averiguar a verdadeira relação entre o denunciado e o coordenador da Sociedade Civil Preservação.
Fernanda também confirmou que o nome de Geraldo Gonçalves Filho corresponde ao do coordenador da Sociedade Civil e o CNPJ dado por quem fez os contratos falsos com os comerciantes barravelhenses é verdadeiro. Já nem o telefone de línea nem o celular disponibilizado pela entidade foi atendido.
Desapontamento
O Movimento Surf Verde (MSV) de Barra Velha também está trabalhando em parceria com o Ministério do Meio Ambiente para esclarecer o caso. “Trabalhamos duro para oferecer uma mudança de conscientização à comunidade e pela ação de delinquentes os projetos ambientais comunitários acabam sendo desprestigiados. Não queremos que isto volte a acontecer”, disse Ezekiel Gringo, presidente do MSV. Muitos ambientalistas pedem ajuda a comerciantes para preservar locais naturais, organizar campanhas e estes casos danificam a imagem dos projetos que não possuem fins lucrativos.
A diretora da Fundema, Débora Brasiliense Ferreira, esclareceu que Geraldo não possui nenhum vinculo com a Prefeitura Municipal de Barra Velha e informou que a imagem da Fundação também acabou lesada. “Em função das matérias que apareceram na mídia, uma mulher de um colégio do Rio de Janeiro disse que a instituição também tinha sido lesada pelo suposto Geraldo. Até uma família do interior de Barra Velha deixou com ele duas carretas de caminhão com materiais recicláveis e ele acabou sumindo com a carga”, disse Débora, que destacou que o estelionatário também oferece desde lixeiras seletivas até projetos de coleta seletiva de lixo como centros de triagem.
A foto da pessoa em questão está sendo disponibilizada para diversos meios de comunicação e entidades ambientais para que este tipo de golpe não continue no resto dos municípios do Estado.
Já em Barra Velha, entre os prejudicados estão dois supermercados, uma escola particular, uma casa de fotocópias, um mercado, duas padarias, uma loja de R$ 1,99, uma loja de pesca e até uma igreja. Em alguns comércios, os lojistas conseguiram cancelar os cheques emitidos.
De acordo com as suspeitas da polícia, o estelionatário estaria próximo a Itapema.