Os principais eventos comemorativos do início da temporada de verão acabaram ofuscados pela realização de um ‘rodeio irregular’. O evento acabou posteriormente com a trágica morte de dois trabalhadores da empresa de fogos de artifício, que iria iluminar o céu da cidade na virada do ano.
Tanto o rodeio quanto o que iria ser a comemoração de Reveillon esteviveram marcados pela negligência de funcionários, organizadores e pela omissão dos órgãos públicos, que até hoje não souberam dar uma resposta convincente sobre o assunto. Passados mais de quinze dias da tragédia, não houve um pronunciamento oficial da Prefeitura de Barra Velha sobre a responsabilidade dos incidentes. As informações acabaram vazando através da pressão da imprensa regional, sem que os detalhes ficassem devidamente explicados e prejudicaram ainda mais a imagem da Prefeitura diante de inconsistências no discurso público.
Enquanto a Administração assegura que a responsabilidade da organização e contratação das empresas do rodeio corresponde à Funturismo e ao Governo do Estado, fontes do Jornal destacam que a entidade estatal somente realizou o repasse do dinheiro e a contratação da Companhia de Cesar Paraná, que trouxe junto a empresa de fogos de artifício Bozzana, devia ser fiscalizada pela Prefeitura.
Consultada pelo Jornal sobre a realização do rodeio na praia, a Fundação de Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA), afirmou desconhecer sobre a realização do evento e negou a liberação de qualquer licença ambiental emitida num local considerado Área de Preservação Permanente (APP). A bióloga da FATMA, Marli Silveira, explicou que o órgão somente tomou conhecimento do rodeio na praia pela polêmica levantada nos meios de comunicação. “Rodeio na praia não pode mesmo. Nunca teríamos liberado uma licença deste tipo. O Código Ambiental impede a realização deste tipo de atividades, muito menos com animais de grande porte. Já o tamanho da faixa de praia teria sido um problema para a liberação. Queremos que isto não aconteça mais, não somente em Barra Velha, mas também em Santa Catarina”, disse a bióloga.
Em paralelo, a Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema) informou que toda a organização do evento aconteceu por contratação do Governo e o Estado seria o responsável. Fontes informais no município asseguraram que o pedido do rodeio na praia teria partido de um dos grandes patrocinadores do evento.
A organização do rodeio pediu que o Corpo de Bombeiros Militares disponibilizasse uma ambulância para o show no mesmo dia da abertura, fazendo omissão ao seguimento do protocolo que demanda um informe prévio obre as condições do evento, número de pessoas previstas, locais de saída de emergência e outras providências. Não houve alvará liberado, porém tudo aconteceu normalmente, da mesma forma em que a Festa do Pirão de 2010 teve somente autorizado um alvará parcial, diante da falta de segurança de fiações elétricas e similares. Já com respeito a Lei federal dos Rodeios, o evento não tinha um médico clínico contratado a disposição, que era parte dos requisitos.
Investigação
O Corpo de Bombeiros do estado informou que a empresa Bozzana estava credenciada no Exército para exercer suas atividades, porém não tinha a instrução normativa para a queima dos fogos – o documento é entregue pelos bombeiros como garantia de que a estrutura é adequada para o show.
O caminhão de fogos ficou três dias ao relento do lado de um dos principais hotéis da cidade lotado e na Praia Central, o maior lugar de concentração pública de pessoas. Entre as contatações das investigações está o fato de que o caminhão baú, onde eram guardados os fogos, ter uma cama onde dormia um dos funcionários e sistema elétrico dentro do baú.
A Polícia Civil está ainda realizando um inquérito policial sobre o caso, que ainda deverá trazer maiores esclarecimentos. O questionamento que a população ainda faz é até quando as coisas deverão acontecer a qualquer custo?