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sábado 2 de dezembro de 2023


Assassino do CEI de Blumenau é indiciado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídios

“Por todo o exposto, considerando todos os elementos angariados no decorrer da investigação, conclui-se que, de plena consciência da ilicitude do fato”

REDAÇÃO, JORNAL DO COMÉRCIO
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O autor (25 anos) do atentado criminoso no Centro de Educação de Infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, foi indiciado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídios. A confirmação foi dada na tarde desta segunda-feira, 17, durante coletiva de imprensa das forças de segurança do Estado de Santa Catarina.

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Para a Polícia Civil, o criminoso agiu sozinho e tinha a intenção de matar um número maior de crianças. O homem usou a moto para executar o plano e depois se entregou ao Batalhão da Polícia Militar de Blumenau, dia 5. “Por todo o exposto, considerando todos os elementos angariados no decorrer da investigação, conclui-se que, de plena consciência da ilicitude do fato, como também de livre e espontânea vontade, o homem foi o autor do crime”, disse o delegado-geral, Ulisses Gabriel.

A Polícia Civil analisou imagens, documentos eletrônicos, conversas em grupos na internet, além de ouvir testemunhas. A equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos – DRCI, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), atuou na coleta de informações do aparelho telefônico do investigado.

Por meio de relatório de análise de extração de dados do celular, único aparelho eletrônico que assassino possuía, observou-se que ele pesquisava na internet sobre ocultismos, seitas e magias. Após analisar as pesquisas feitas em navegadores de internet, a Polícia Civil comprovou que, no dia 15 de março, ou seja, 21 dias antes do ocorrido, o investigado procurou por modelos de machados.

“No depoimento, a mãe disse que ele era uma pessoa normal até começar a usar drogas e vender drogas para sustentar o vício”

RONNIE REIS ESTEVES

De acordo com o delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau, Ronnie Reis Esteves, a investigação se dividiu em duas partes: oitivas com o acusado e as testemunhas e a dinâmica do crime. O delegado contou que durante o registro do auto de prisão em flagrante em momento algum o investigado se recusou a dar informações. “No depoimento, a mãe disse que ele era uma pessoa normal até começar a usar drogas e vender drogas para sustentar o vício. Ela só se deu conta de que ele estava usando drogas quando percebeu alteração no comportamento do filho”, Esteves.

Perguntado sobre o resultado do exame toxicológico do autor dos homicídios, o superintendente regional da PCI em Blumenau, perito criminal Tiago Luchetta, revela que foi identificado a presença de cocaína, álcool e seus metabólitos. No entanto, Luchetta alerta que o laudo toxicológico é mais complexo que apenas um sim ou não. “O laudo toxicológico, assim como a maioria dos laudos periciais, precisa ser interpretado de forma conjunta com os demais elementos de prova. Podemos dizer que o criminoso era usuário de drogas, mas ainda não podemos afirmar que ele estava sob efeito de entorpecentes naquele momento. São fatos que ainda serão apurados”, explica.

Equipes que participaram das investigações detalharam o inquérito final – Foto, Governo do Estado

A psicóloga Policial Civil, Larissa Canali, disse que no decorrer das investigações não apareceu nenhum diagnóstico oficial de que o criminoso tenha algum transtorno mental. “O histórico é de surtos possivelmente psicóticos, talvez potencializados pelo uso de drogas”, comentou.

Na coletiva de imprensa, a Polícia Civil divulgou detalhes do inquérito policial que foi remetido ao judiciário catarinense. A investigação foi realizada pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau em trabalho conjunto com os peritos da Polícia Científica de Santa Catarina e colaboração da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Secretaria da Educação do Estado.

DINÂMICA DO CRIME

O delegado da DIC de Blumenau, Rodrigo Raitz, responsável pela definição da dinâmica do crime, disse que foi feito um levantamento de todo o trajeto do criminoso, desde o momento que ele sai de casa até se entregar no Batalhão da PMSC. “Ele saiu de casa às 8h03, foi na academia de ginástica por onde permaneceu por 23 minutos, percorreu diversas ruas até chegar à creche, pulou o muro e em 20 segundos matou quatro crianças e feriu outras cinco. Depois disso ele pegou a moto e se entregou ao Batalhão da PM.

CUIDADO COM AS NOTÍCIAS FALSAS

O delegado-geral da PCSC, Ulisses Gabriel, fez um apelo à sociedade para que as pessoas não divulguem fake news e que, ao tomar conhecimento de uma informação, por meio de qualquer rede social, consultem os canais oficiais do governo. “É preciso ter cuidado com as informações que se repassa. Estamos enfrentando uma enxurrada de fake news que causam pânico na população, que já está estressada”. O delegado-geral disse ainda que a mesma força que se usa para investigar uma informação verdadeira é igualmente empregada para investigar a fake news.

A secretária adjunta de Estado da Educação, Patrícia Lueders, assinalou que é fundamental reforçar a cultura da paz nas unidades educacionais. “Estamos trabalhando na consequência, mas é preciso trabalhar na causa, trazer a família para dentro da escola e fazer um trabalho intersetorial. A escola é um espaço seguro”, assinalou.


Seguindo recomendações mais recentes de especialistas das áreas da psicologia e de investigação criminal, o Jornal do Comércio deixará de publicar o nome de autores de massacres. A decisão tem por objetivo evitar a visibilidade do agressor, situação essa que pode estimular outros crimes. Análises técnicas revelam que pessoas com esse perfil buscam notoriedade midiática.

REDAÇÃO, JORNAL DO COMÉRCIO
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