Rachaduras, cerâmicas quebradas e deslocamento de paredes formam o novo cenário de um sobrado comercial, às margens da Avenida Nereu Ramos, em Balneário Piçarras. Segundo o proprietário, que por segurança já não permite a ocupação do imóvel, a estrutura começou a se deteriorar assim que o fundamento de um prédio vizinho começou a ser cravado. A Construtora responsável alega que o imóvel já possuía rachaduras, mas que procederá com nova vistoria ao término da fundação.
“Todos os inquilinos estão deixando o imóvel, por segurança natural”
MATIOLO CAPELIN
“Todos os inquilinos estão deixando o imóvel, por segurança natural. Rachaduras surgiram, o solo cedeu em algumas partes e algumas paredes parecem ter se deslocado – não há menor segurança em manter o prédio habitável”, afirma o proprietário, Matiolo Capelin. O imóvel possui 300 metros quadrados e acomoda cinco salas comerciais.
A contadora, Giselle Martinelli, é uma das locatárias que deixou o imóvel por receio de a estrutura vir ao chão. “Abri meu escritório há três meses, mas precisei abandoná-lo no último dia 27, quando as rachaduras ganharam ainda mais corpo. Infelizmente, não há segurança para trabalhar e para receber clientes. Prejuízo para empresários e para o proprietário”, define.
A Defesa Civil Municipal e a Secretaria de Planejamento de Balneário Piçarras estiveram no local. Com relação ao imóvel de Matiolo, o coordenador da Defesa Civil, Francisco Teixeira, afirmou que – na situação atual do prédio – ainda não pode formalizar uma interdição. Em nota oficial, o Governo Municipal reforçou que a equipe de fiscalização vistoriou o imóvel “e não apontou maiores riscos, motivo pelo qual, não interditou o imóvel”.
Já a Secretaria de Planejamento notificou a construtora a realizar a “estabilização das terras na preparação do terreno, pois afetaram o passeio público, ofertando risco aos munícipes. O proprietário foi orientado a proceder com a contenção dos limites da obra nos termos do novo Código de Obras. Possuem o laudo cautelar executado antes do início da obra. Não houve autuação (multa) por parte da fiscalização da Seplan”, frisou nota do Governo.
Construtora contesta versão, mas pontua que procederá com nova vistoria
Questionada pela reportagem, a HL Construtora – que edifica o Palazzo Di Veneza, com dez andares, no bairro Itacolomi – respondeu por meio de nota assinada pelo advogado, Anderson Carlos Deóla da Silva. A empresa afirma que cumpriu com todos os requisitos legais para iniciar com a obra, em especial, com o estudo de impacto de vizinhança, apresentado aos imóveis da região.
“Após a conclusão da parte de fundação, a Construtora poderá avaliar possíveis danos nas propriedades circunvizinhas a fim de apropriar quais danos a obra possa ter causado”
“A construtora informa que antes do início das obras, tomou todas as medidas legais cabíveis, sendo no caso em específico, o impacto de vizinhança este do conhecimento de todos os proprietários das propriedades circunvizinhas. A propriedade cuja alegação de ocorrência das rachaduras após início das obras, igualmente passou por vistoria”, pontua a empresa.
O laudo da vistoria inicial foi enviado à reportagem, sendo que a empresa categoriza que “em citada vistoria, ficou constando a existência de várias rachaduras, motivo pelo qual não se pode aceitar a imposição carregada em seu questionamento (feito pela reportagem)”. Contudo, assegura uma nova vistoria.
“Após a conclusão da parte de fundação, a Construtora poderá avaliar possíveis danos nas propriedades circunvizinhas a fim de apropriar quais danos a obra possa ter causado e em sendo causados pela construção, executar os reparos necessários”, encerra a nota.