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domingo 10 de dezembro de 2023


Raro gato-maracajá é flagrado no Parque Natural Municipal Caminho do Peabirú

“A existência do gato-maracajá mostra que, historicamente, área de vegetação nativa permite a existência dessa espécie”, celebra a bióloga da Fundema de Barra Velha

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Um gato-maracajá (Leopardus wiedii) – considerado ameaçado de extinção na categoria vulnerável na lista nacional do Ministério do Meio Ambiente, 2014 – foi flagrado pelo sistema de monitoramento da fauna implantando dentro do Parque Natural Municipal Caminho do Peabirú, em Barra Velha. Ele foi gravado em abril de 2022, durante o trabalho de atualização do Plano de Manejo da unidade, que revelou ainda a possibilidade do avistamento de uma série de outras espécies.

“Então, o maior alerta que esse registro nos traz é a preservação integral da vegetação nativa existente hoje”

GABRIELA KLEIN

“A existência do gato-maracajá mostra que, historicamente, área de vegetação nativa permite a existência dessa espécie. Porém, nos últimos anos, teve algumas supressões que podem ter sido um risco para a espécie se manter ao longo dos anos. Então, o maior alerta que esse registro nos traz é a preservação integral da vegetação nativa existente hoje e a necessidade de estudos específicos para analisar a população da espécie do Parque”, detalha a bióloga Fundação do Meio Ambiente de Barra Velha (Fundema), Gabriela Klein.

LEIA: Sede do Parque Natural Municipal Caminho do Peabirú começa a ser construída

O Parque Natural Municipal Caminho do Peabirú é formado por uma área de 121 hectares de natureza preservada e possui conexão com ambientes de grande importância para o município: a laguna de Barra Velha, rio Itapocu e o Oceano Atlântico. “Essa espécie é topo de cadeia, ela precisa de um ecossistema equilibrado para o seu habitat, que nesse caso é o Parque e a vegetação do seu entorno que vai até o rio Itapocu”, acrescenta a bióloga da Fundema – o órgão responsável pela gestão do espaço.

Registro feito em 2022 – Foto colorida com utilização da inteligência artificial

Cinco câmeras, conhecidas por armadilhas fotográficas, monitoram a área e poderão revelar todo potencial dos hectares de mata nativa. Gabriela reforça que a equipe técnica da Univali apontou para existência de outras espécies no Parque. “Então, já foi registrado cachorro-do-mato, tamanduá-mirim, tatus, furão, mão-pelada, cutia, lagarto teiú, cobra coral falsa, jararaca, perereca-das-folhagens, tiê-sangue, rendeira e diversas outras espécies de aves, inclusive ameaçadas de extinção também como maria-catarinense e maria-da-restinga”, detalha ela.

Para o presidente da Fundema, Giovanni Tomazelli, a aparição do gato-maracajá reforça a importância de continuar a monitorar e proteger esses espaços naturais, a fim de preservar a vida selvagem única que eles abrigam. “Estamos comprometidos em continuar suas atividades de conservação e monitoramento para garantir que a biodiversidade local seja preservada para as gerações futuras”, garante.

PLANO DE MANEJO

Em fevereiro deste ano, a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) oficializou a entrega da atualização do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Caminho do Peabiru. O trabalho foi desenvolvido durante 2021 e 2022 e possibilita uma melhor gestão da unidade de conservação após ser totalmente revisado em um complexo trabalho.

“Esse documento demonstra o comprometimento da Univali que disponibilizou os serviços do seu corpo técnico e científico a fim de contribuir com a preservação deste espaço”, afirmou a professora Rosemeri Marenzi, coordenadora do projeto.  O trabalho técnico da Univali buscou atualizar o conhecimento sobre a biodiversidade da região, quinze anos após a criação do parque. O parque foi idealizado com 428 hectares, metragem reduzida para 121 hectares através da Lei Municipal 1.642, de 13 de dezembro de 2017. 

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“Ele é um estudo complexo, que já está disponível digitalmente, e existem algumas coisas que terão que sofrer algumas análises. É uma tramitação normal, é assim mesmo. Mas, em suma, ficou um Plano muito bom, pela riqueza de detalhes, sobre a diversidade da fauna e flora, sua proximidade junto à Laguna – que chamam de Lagoa, mas, é Laguna – a questão do mar, do Itapocu, enfim, a riqueza é muito grande”, enriqueceu o tema, Giovanni.

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