Ademar de Oliveira (PSD) finaliza este mês o semestre de sua primeira oportunidade como presidente da Câmara de Vereadores de Balneário Piçarras. Após catorze anos de seguidas legislaturas, o parlamentar comanda o Poder Legislativo para o biênio 2023/2024 depois de, segundo ele, ter firmado acordo de transição com um “homem de palavra” e encontrado apoio político da ala pela qual foi “de casa em casa pedir voto contra”. Em longa entrevista, afirma que não vislumbra mais a vereança e que espera a “chance de alguma coisa melhor”.
“Não basta querer, a gente tem que ser querido”
ADEMAR DE OLIVEIRA
FOTO, FELIPE FRANCO / JC
Vereador para 2009/2012, 2013/2016, 2017/2020 e agora 2021/2024, Ademar, de 66 anos, confessa que suas primeiras sessões na cadeira principal foram de compreensão: “a gente quando está no comando de alguma coisa – seja secretário, seja prefeito, seja presidente de uma Câmara – primeiro a gente tem que entender que a gente não sabe tudo. Todo dia tu você está aprendendo mais alguma coisa. Seja com quem for, tu está sempre aprendendo. E, eu, só estou sempre querendo aprender e saber”.
“É uma responsabilidade muito grande, porque aqui eu represento os onze vereadores, os funcionários dessa Casa. Com o Executivo, ter um jogo de cintura, né? Para poder resolver os problemas que realmente o nosso município precisa”, complementa Ademar. Para alcançar o estado de presidente da Câmara, Ademar articulou politicamente na eleição da mesa diretora de 2021 – contanto com a honra da palavra, dois anos depois. Segundo o parlamentar, também contou com o apoio do atual prefeito, Tiago Baltt (MDB) – o qual define por “um prefeito trabalhador”.
“Não basta querer, a gente tem que ser querido. Não tem um só vereador que foi eleito até hoje que não queria ser presidente. Mesmo com medo da responsabilidade de um presidente, mas ele sempre terá o interesse de ser presidente. Comigo não era diferente, né? Fui duas vezes vice-presidente, primeiro-secretário… Mas, quando chegava na promessa ‘ah, segundo mandato é teu, não o segundo mandato é teu, não o outro segundo mandato será teu’ – não foi cumprido. Até que enfim eu votei para um homem de palavra (ex-presidente, Jorge Luiz da Silva – MDB) e tive conversa com outros homens de palavra, certo? Que realmente cumpriram aquilo o que a gente conversou e aquilo que a gente disse: o segundo mandato será teu. Então isso aí é importante, porque que a gente tem que valorizar muito as pessoas de caráter hoje na política”, detalha.
“Os partidos que eu sempre trabalhei, as pessoas com quem eu sempre trabalhei nunca fizeram que eu fosse presidente da Câmara. E, o cara que eu pedi voto contra fui de casa em casa pedir voto contra ele, ele foi de mais palavra do que muitas pessoas do meu passado – não cumpriram com aquilo que prometeram”
ADEMAR DE OLIVEIRA
Diante do grupo, oposição ao seu partido nas últimas eleições municipais, apoiar sua candidatura a presidente, Ademar afirma está com o atual prefeito numa futura busca pela reeleição. “É por isso que a política está desacreditada do jeito que está. Os partidos que eu sempre trabalhei, as pessoas com quem eu sempre trabalhei nunca fizeram que eu fosse presidente da Câmara. E, o cara que eu pedi voto contra fui de casa em casa pedir voto contra ele, ele foi de mais palavra do que muitas pessoas do meu passado – não cumpriram com aquilo que prometeram”, desabafa.
Por conta disso, o presidente da Câmara afirma que “é por isso que eu nunca tive partido político. Eu tive uma visão diferenciada para o desenvolvimento da cidade. Eu não quero saber qual é o partido político que está fazendo ou está na administração, eu quero saber quem está fazendo e o que está fazendo, se está fazendo com honestidade, com dignidade e tudo dentro da legalidade”. Ele já foi filiado no PP, PSDB, PT e agora, PSD. Atualmente, está em flerte para migrar ao PL na próxima janela partidária, em março do ano que vem.
“Vereador, não quero mais […] Agora se tiver uma chance de alguma coisa melhor, alguma coisa que eu possa ajudar. Minha primeira mentalidade é não deixar o passado voltar ao presente”
ADEMAR DE OLIVEIRA
FOTO, FELIPE FRANCO / JC
“Eu nunca fui PL. Eu sempre fui Jorginho Mello (governador) e Carlos Humberto (deputado estadual). Como eu antes era Jorginho Melo e Dado Cherem (PSDB), trabalhei com a Marlene Fengler que é do PSD, trabalhei pro Raimundo Colombo que era do PSD. Eu acho que um partido é um partido, mas é algo natural (ir para o PL), assim, pode acontecer. Eu respeito todo mundo do PL, eu respeito todo mundo de tudo quanto é partido, respeito os prefeitos que já passaram por essa cidade, que já deram alguma coisa de si por essa cidade”, categoriza.
Quanto ao próprio futuro na política, deixou a resposta nas entrelinhas. Garantiu que não quer mais seguir no Legislativo e trabalha nos bastidores em busca de um novo passo. “Vereador, não quero mais […] Agora se tiver uma chance de alguma coisa melhor, alguma coisa que eu possa ajudar. Minha primeira mentalidade é não deixar o passado voltar ao presente, quem vive de passado é museu, não é uma cidade. Então, o importante é nós vivermos do presente”, finaliza.