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sábado 12 de outubro de 2024


Estudo confirma que uso da maconha afeta a memória

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Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que o uso crônico de maconha parece afetar a área do cérebro responsável pela memória e pela execução de atividades complexas que requerem planejamento e gerenciamento das informações. O problema se agrava se o consumido tiver começado na juventude e a realização de tarefas do dia a dia se tornam mais difíceis.
A Unifesp que aponta os prejuízos são gerados pela substância nas chamadas “funções executivas” do cérebro. São elas que nos possibilitam planejar e monitorar a execução de uma equação matemática, por exemplo, até que se chegue ao resultado final. “A função executiva nos permite processar e organizar todas as novas informações que nos são passadas diariamente e que necessitam de planejamento, iniciação, memória operacional, atenção sustentada, inibição dos impulsos, fluência verbal e pensamento abstrato”, explica a neuropsicóloga Maria Alice Fontes, autora da pesquisa que foi apresentada como tese de doutorado pelo LiNC (Laboratório de Neurociências Clínicas) da instituição.
Acioly Tavares de Lacerda, professor do Departamento Psiquiatria e orientador da pesquisa, explica que esse é o estudo com a maior amostra no mundo de usuários crônicos avaliados por meio de testes neuropsicológicos e o primeiro que mostra que os déficits cognitivos pelo uso leve (cerca de dois cigarros por dia), porém crônico, da maconha parecem ser muito expressivos em desencadear disfunções no cérebro humano. “Quando mais precoce e maior a exposição à droga, pior também será a memória, mesmo depois de um período de abstinência”, afirma.
No estudo, Maria Alice verificou que os déficits no armazenamento de informações e evocação da memória nesses usuários persistiram após um tempo médio de 14 dias de abstinência. De acordo com Maria Alice é fundamental a avaliação de eventuais déficits neuropsicológicos em usuários crônicos da droga para prevenir futuros danos, além de direcionar e favorecer a aderência do tratamento dos dependentes químicos, já que esses déficits cognitivos também fazem com que o paciente tenha mais recaídas e de desistir do tratamento.
A pesquisa avaliou preliminarmente 173 usuários crônicos de maconha e selecionou subamostras com 104 indivíduos para o estudo sobre funcionamento executivo – sendo 49 usuários de início precoce e 55 de início tardio -, 34 usuários crônicos abstinentes há mais de sete dias e 55 controles não usuários. A idade dos participantes variou entre 18 e 55 anos.
 

REDAÇÃO, JORNAL DO COMÉRCIO
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