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Piçarras
quinta-feira 12 de setembro de 2024


A arte sobre os quadris

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Piçarras – Os movimentos de quadris, o ventre exposto e os decotes: a dança do ventre, ou Raks al Sharki (Dança do Oriente) ficou popularizada na novela O Clone, da Rede Globo, que ajudou a desmistificar esse que é o mais antigo tipo de dança. Jade, personagem interpretada pela atriz Giovana Antonelli, levou o telespectador a uma conclusão: a dança que faz os quadris balançarem não é cultura de meretriz, mas uma tradição perpetuada com respeito e reverência. A novela, que refletiu um fenômeno de globalização cultural, abriu espaço para um estilo de dança que encontrava resistência social.


A mudança foi comemorada por Luciana Ramos, professora de dança do ventre que vem mostrando ao público feminino da região que a modalidade tem muito mais a oferecer. Radicada em Piçarras, a mineira de Belo Horizonte explica que a dança ajuda também a definir a musculatura, corrige a postura corporal e ainda melhora a auto-estima. A dançarina fala com autoridade. Luciana teve aulas com Cláudia Sensi, coreógrafa de O Clone e acabou virando referência nacional ao ser convidada para participar de programas televisivos, como os de Raul Gil, Hebe Camargo, Super Pop e Programa Livre. No Festival de Dança de Joinville, sua companhia de dança ficou com o primeiro lugar em 2000 e o segundo em 2001. Sua apresentação ganhou repercussão no Festival ao apresentar uma coreografia que incluía uma inovação na dança do ventre: a participação de um dançarino.


Luciana não vê restrições à prática da dança do ventre por homens. “Sou a favor que o homem dance como homem. Não precisa se afeminar para dançar”, comenta. Na verdade, no Ocidente, a prática da dança por homens pode ainda ser vista com preconceito, mas em muitos países do Oriente, as crianças de ambos os sexos são ensinadas a dançar desde muito pequenas, imitando os movimentos dos seus pais e avós. A melhor documentação acerca dos bailarinos ao longo da história vem da Turquia, na forma de relatos e notas de viagem datadas do século 16 ao século 19. Estes dançarinos da Turquia, grande parte deles jovens, eram conhecidos por “Kocheks”. Atualmente, é muito comum no Egito ver-se um jovem rapaz ou um velho começando espontaneamente a rolar os ombros ou a rodar os seus quadris assim que ouve o mínimo indício de música proveniente de um carro que passa ou do interior de uma loja.


Para Luciana, a resistência à prática de dança no Ocidente se deve justamente à maneira como foi inicialmente tratada. Muitos no Oriente ficam perplexos ao saber que, no Ocidente, muita gente a vê como uma dança utilizada pelas mulheres com o intuito de seduzir os homens. Ela acredita que esse conceito vem mudando, especialmente depois da novela O Clone. Mas ainda há outros mitos a serem superados. A acadêmica de Direito Carla Damas, 24 anos, receava que a dança poderia dilatar o abdome. A impressão de que a dança do ventre pode “dar barriga” vem da diferença entre os padrões estéticos do Oriente e do Ocidente. As dançarinas orientais tendem a ter um abdome mais dilatado por uma questão cultural e não por conta da prática da dança. Enquanto a cultura árabe valoriza as formas arredondadas e o volume dos quadris e abdome ? consideradas um indicativo de maior fertilidade da mulher ? a magreza chega a ponto de ser obsessão feminina nos países ocidentais.


Há menos de um mês freqüentando aulas com Luciana, Carla é toda entusiasmo. “Há muito tempo eu tinha vontade de fazer, antes mesmo da novela”, lembra. Ela conta que os movimentos e o jogo cênico da dança despertaram seu interesse. A acadêmica diz não ter a intenção de aprender para dançar profissionalmente ou lecionar. “Danço por prazer e também porque é uma atividade física que movimenta todos os músculos do corpo”, explica. “Acho que pode aumentar minha auto-estima também”, completa.


Como ela, outras mulheres, jovens e adultas, estão descobrindo os benefícios da dança que teve origem remota no Egito. “A dança do ventre traz benefícios para o corpo e também para a mente. Ela trabalha a coordenação motora, modela os braços e pernas, define a cintura e movimenta os órgãos internos. Depois de vestida, a pessoa se sente muito mais bonita e isso favorece a auto-estima”, explica.


Para popularizar a modalidade na região, Luciana e Bruna Diniz, também professora e natural de Belo Horizonte, vêm realizando apresentações em festas e eventos culturais. A última aconteceu no Campus Piçarras da Univali na sexta (29). Antes, as dançarinas da Companhia Luciana Ramos foram uma das atrações da primeira noite da 7ª Feira de Negócios e Atrações de Piçarras.



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