Balneário Piçarras perdeu esta semana uma de suas moradoras mais antigas e conhecidas. Adelina Flores Vieira, a popular Dona Santinha, faleceu no início da manhã de terça-feira, dia 5, aos 92 anos. A comunidade se despediu da moradora durante toda a tarde, na igreja matriz da cidade. Depois, uma missa de corpo presente marcou a despedida. O sepultamento de Dona Santinha aconteceu às 17h, no cemitério municipal de Penha, município onde nasceu em 1918.
Ao longo de sua longa trajetória de vida, ela se popularizou com suas incansáveis andanças pela cidade em busca de auxílio para os doentes e os mais necessitados. O prefeito Umberto Teixeira lamentou a partida de dona Santinha. “Fica para nós o grande exemplo de generosidade e fé dessa mulher que atravessou nove décadas vivendo a vida plenamente”, destacou o prefeito. “Se as pedras do calçamento/Contassem as tuas pegadas,/Certamente ao céu chegarias,/Sem asas e sem escadas”, descreveu poeticamente a amiga Janete Teixeira Cardozo, no aniversário de 90 anos de dona Santinha.
E foi mesmo a poesia que a fez passear por caminhos desconhecidos por muitos moradores. Dona Santinha começou a escrever poesias depois que seu companheiro João Serafim Vieira faleceu, há cerca de 30 anos. Segundo ela, em entrevista à jornalista Danielle Garcia, a poesia sempre esteve em sua alma, apesar da pouca instrução (cursou apenas até a 3ª série). Em seus escritos, Dona Santinha buscava relatar seu cotidiano, a ajuda incansável aos necessitados, o amor pela vida, a sua participação comunitária.
Santinha fez parte da Associação de Aposentados e Pensionistas de Piçarras, da Associação Perpétuo Socorro e cultivou, por um bom tempo, um grupo de mulheres criveiras na comunidade, mantendo viva a técnica do crivo (bordado especial ainda mantido na comunidade). Em 1997, conquistou o 3º lugar no 1º Concurso Literário Estadual da Terceira Idade, em Florianópolis com a poesia “Nosso Crivo”. Em 2003 ganhou o título de Destaque Comunitário do Rotary Club de Piçarras e em 2005 participou, com diversos outros poetas locais, do Projeto Poesia da Terra, do Rotary Club de Piçarras. Seus escritos percorreram escolas do município e revelaram a “poeta andeja”, como ela mesmo dizia, pequenina no tamanho e grande em sua generosidade.