Há mais de três semanas, várias mortes de animais de rua vêm sendo denunciadas nos diferentes bairros do município. A principal causa de morte é o envenenamento por chumbinho, um produto cuja venda é proibida, porém ainda é muito utilizado contra ratos.
Bairros como Itajuba, São Cristóvão e até o Centro registraram várias mortes de cães e gatos nos últimos dias, levantando as suspeitas da venda ilegal desse veneno em agropecuárias da região. De acordo com a Vigilância Sanitária do Estado, a venda do produto pode ser penalizada com um auto de infração contra o estabelecimento comercial cuja multa varia entre R$ 125 até R$ 500 mil. O produto é altamente perigoso e uma pequena dose pode matar tanto animais domésticos quanto seres humanos.
Segundo fontes do jornal, até a própria Vigilância Sanitária Municipal, localizada no centro da cidade, teria recebido o pedido de chumbinho por parte de um morador que declarou precisar do veneno para exterminar animais de rua.
No bairro São Cristóvão, a moradora Neusa Reguert achou no começo da semana o gato do vizinho, Tom, envenenado na porta da sua casa. “O coitado caminhava com espuma na boca pela rua e no dia seguinte apareceu morto aqui na porta”, comentou.
O gerente da Vigilância Sanitária do Estado, Thiago Monteiro, informou que diante dos casos que vêm aparecendo, serão notificados os demais órgãos competentes como Ministério Público e a Polícia Civil e Federal.
Em Barra Velha, a Promotora de Justiça da Comarca, a doutora Luciana Schaefer Filomeno, solicitou à Polícia Civil uma investigação sobre as mortes para confirmar se há venda ilegal do produto nas ruas e os autores. “Ainda não recebi informação nenhuma da polícia. Mas o maltrato aos animais está previsto na Lei do Meio Ambiente e pode levar a um processo na área judicial”, explicou.
De acordo com a Promotora, caso um morador tiver seu animal de estimação morto por veneno colocado por um terceiro, pode ser aberto um Termo Circunstanciado, onde a Justiça apresentará uma proposta de compensação. Se a pessoa denunciada não aceitar a proposta, o acusado pode ser denunciado pelo crime de crueldade contra os animais.
A diretora da Vigilância Sanitária do município, Débora Brasiliense, destacou que para evitar o aumento de animais de rua é necessário não deixar fontes de alimento a disposição para incentivar sua reprodução. “É muito importante colocar o lixo domiciliar em lixeiras fechadas ou numa altura que não fique ao alcance dos animais. A Vigilância vai começar orientar aos moradores nesse aspecto, já que o lixo na rua é o principal fator que permite a reprodução dos animais”, afirmou.
Projeto
O presidente da Associação Protetora dos Animais da cidade e diretor do Programa de Estratégia da Família, Maurício Coimbra, informou que através de um trabalho em parceria com a Vigilância Sanitária e o presidente da Câmara de Vereadores, Jair Irineu Bernardo, será apresentado um projeto de Lei para que a prefeitura execute um programa de esterilização de animais de rua. A meta do projeto é impedir a reprodução dos animais de rua através da castração, já que os animais sem dono são os que se reproduzem com mais facilidade. “A ideia é poder aproveitar o veterinário contratado pela prefeitura para dedicar um horário fixo por semana para realizar a esterilização. Os cachorros terão vacinas atualizadas e serão esterilizados, depois do atendimento seriam deixados no mesmo local onde foram achados”, explicou.
Foto por: Ezequiel Díaz Savino| JC