A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) divulgou na terça-feira, 24, que o Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) será instalado no Campus de Balneário Piçarras. Todo o acervo do Museu, considerado o maior da América Latina, está finalmente reunido e, em breve, estará acessível ao público. As reformas para adaptar a estrutura no Campus local já estão em andamento e a previsão é que a inauguração seja feita até o próximo ano.
Jules Marcelo Rosa Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, conta que o projeto de construção do Museu Oceanográfico, em Itajaí, não foi descartado. No entanto, a estrutura que está sendo montada em Balneário Piçarras pode ser rapidamente vertida para uma nova temática por meio de acervos que a instituição, mantém com instituições parceiras. Ele detalha que a área de exposição do Museu Oceanográfico Univali, em Balneário Piçarras, terá mil metros quadrados, o que somado a todas as demais áreas do museu, atinge aproximadamente quatro mil metros quadrados de área construída.
“Será um dos maiores museus de história natural da América Latina e o terceiro maior museu oceanográfico do mundo. A temática da exposição abrangerá a formação dos oceanos, a evolução dos seres vivos, a história da oceanografia, os recursos vivos e minerais dos oceanos, a preservação do meio ambiente marinho e uma ampla exposição sobre os seres vivos marinhos, disposta em ordem filogenética, isto é, dos organismos mais primitivos e antigos como esponjas, corais, moluscos, crustáceos, aos mais complexos e evoluídos como peixes cartilaginosos, peixes ósseos, répteis marinhos, aves marinhas e mamíferos marinhos”, pontua o curador.
Segundo Jules, o prédio onde o Museu será instalado reúne todos os quesitos de segurança, acessibilidade e viabilidade de montagem de uma exposição com um projeto museográfico moderno e estará estrategicamente instalado em local de fácil visitação. “Estaremos às margens da BR 101, próximo ao Parque Beto Carrero World. Isso é estratégico para o acesso de turistas. Além disso, estamos certos que a implantação do museu será um ganho para o município de Balneário Piçarras”, salienta.
A transferência do acervo para um único lugar permitiu inventariar as coleções, possibilitar o acesso aos acadêmicos, professores e pesquisadores e montar uma exposição à altura do museu, conta Jules Marcelo Rosa Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali. “Contamos com um acervo de importância internacional. São cerca de 200 mil peças catalogadas com um efetivo sistema de curadoria e um rigoroso protocolo de manutenção. Seguramente está entre os quatro principais acervos de história natural do Brasil e na temática oceanográfica é o maior da América Latina”.
O acervo reúne coleções de diversos grupos de grande importância científica, destacando a maior coleção de conchas da América Latina, com 88.813 amostras que incluem as duas conchas mais procuradas por colecionadores no mundo, a maior coleção de mamíferos marinhos do Brasil, com 708 lotes que incluem baleias, golfinhos, focas, lobos e leões marinhos de diversas espécies, a maior coleção da América Latina de tartarugas marinhas, com 644 lotes, a maior coleção de elasmobrânquios (tubarões e raias) da América Latina e a quarta maior do mundo, com 5.017 espécimes que incluem exemplares raros e únicos em nosso continente.
17 anos de história
O acervo que compõe o Museu Oceanográfico da Univali começou a ser montado em 1976 pelo pesquisador Jules Soto. Ele foi catalogado em 1982 e institucionalizado por meio de uma ONG em 1987 quando já contava com cerca de cinco mil peças seletas, algumas delas espécies inéditas para a ciência que viriam a ser descritas nos anos seguintes. Ele foi incorporado pela universidade em 1993 por ocasião do ingresso do professor Jules Soto no quadro de docentes da instituição. Inicialmente contou com a participação exclusiva de acadêmicos que se dedicavam a coleta de organismos marinhos em saídas de campo e embarques, passando a ser uma unidade da Univali em 1999.
Foto por: Felipe Bieging