Eles são mais do que animais de estimação. Para muitas pessoas, cães e gatos já são considerados membros da família. Por isso, quando um ato de violência e brutalidade acontece com esses membros da família, o fato vira caso de polícia. Foi o que aconteceu esta semana em Balneário Piçarras, na rua José Duarte de Mello, no centro. A família Watzko registrou na delegacia um BO – Boletim de Ocorrência pela morte de duas gatas de estimação da família, uma de 3 e outra de 2 anos, e o crime revoltou integrantes de sites de relacionamento na internet. As gatas Flora e Sophie foram encontradas mortas no dia 11 pela manhã e, segundo a constatação do veterinário, provavelmente envenenadas por chumbinho, produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida.
Segundo Fernanda Watzko, o BO foi feito porque matar animais é crime que dá cadeia e porque o chumbinho é proibido e, se alguém comprou, está fazendo ilegalmente. “Mais do que tristes, estamos revoltados. Como alguém tem coragem de fazer isso? Pior é ter certeza de quem fez isso e não poder provar”, comenta a dona dos bichinhos. Segundo ela, na delegacia os investigadores alertaram que já há outras denúncias e quem for pego matando os animais será punido.
Os animais têm seus direitos assegurados no artigo 32 da Lei 9.605 de 1998. Segundo a lei federal de crimes ambientais, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, gera uma pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Preocupação
Para Fernanda, a preocupação é com os outros animais da família. “Temos 5 gatos (incluindo as que encontramos mortas) e mais 2 cachorros. Sempre tivemos animais de estimação, todos são vacinados, bem tratados, alimentados e nunca incomodaram ninguém. Mas se alguém teve coragem de fazer isso com elas, pode fazer novamente. Ficamos preocupadas porque sabemos de casos em toda a região”, complementou Fernanda.
Segundo a Vigilância Sanitária de Balneário Piçarras, os casos recentes ocorridos na cidade não chegaram ao conhecimento do órgão, mas os técnicos ficarão atentos. “Fazemos vistorias constantes e rigorosas em vários estabelecimentos comerciais e agropecuárias, e não encontramos esses produtos sendo vendidos aqui. Já alertamos se os comerciantes forem denunciados e pegos, poderão levar multas e até ter o estabelecimento fechado”, alerta a responsável pelo setor de vistoria na Vigilância. “Pode ser que essas pessoas tenham trazido de outras cidades ou estado o chumbinho, mas trouxeram ilegalmente. Aqui, a Vigilância não usa o chumbinho nem para desratização, só outro produto com parafina, que não mata cães e gatos por ser amargo, só atinge os ratos. Temos esse controle por isso sabemos que não é daqui”, destaca o coordenador da Vigilância local, André Ladewig.
Segundo ele, casos assim são difíceis de serem resolvidos, porque as pessoas não conseguem provar quem fez. A realização de BOs e denuncias na Vigilância são importantes, mas pouco resolvem o problema, já que a questão é de conscientização. Para o coordenador da Vigilância, o que vale mesmo é um controle maior dos animais de estimação. “Sempre orientamos que os donos de cães e gatos mantenham seus animais dentro de cercado, vacinados e evitem fugas. No caso de gatos sabemos que é difícil, por isso é preciso bom senso dos vizinhos também”, lembra o coordenador. “Faz diferença se os donos de animais e seus vizinhos forem conscientes e deixarem seus lixos sempre bem acondicionados, em lixeiras suspensas e com bons sacos de lixo. Além disso, a conversa e tolerância são essenciais para evitarem casos como este”, destaca Andre Ladwig. “Para alguns pode parecer besteira, perda de tempo, mas só quem ama os animais sabe como é dolorido perder um animal de estimação”, conclui Fernanda.