Na última semana, o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Balneário Piçarras (COMPOC) elegeu a gestão para 2025/2027. O músico, escritor e ilustrador e representando a Câmara Setorial de Música, Fabinho Henschel assume a presidência e busca fortalecer as políticas públicas do setor, a atuação dos conselhos e das câmaras setoriais de cultura.
O COMPOC tem capacidade para desempenhar um papel fundamental na democratização do acesso à cultura ao atuar como uma ponte entre as políticas públicas e a população, conforme explica Fabinho: “Tenho em mente que o diálogo é fundamental para garantir que programas de incentivo e parcerias com escolas e instituições culturais aconteçam e o Conselho pode garantir que diferentes segmentos da sociedade tenham acesso à arte e à cultura, independentemente de sua classe social ou localização. O COMPOC deve ser um espaço inclusivo, que promova a diversidade e favoreça o acesso à cultura como um direito de todos”.
“Tenho em mente que o diálogo é fundamental para garantir que programas de incentivo e parcerias com escolas e instituições culturais aconteçam”
As primeiras ações que o presidente eleito pretende implementar à frente do COMPOC envolvem, inicialmente, a criação de um diagnóstico cultural detalhado do município de Balneário Piçarras, para identificar as demandas e necessidades da comunidade artística local. Atualmente, também é fundamental que o Conselho esteja presente e ativo nas redes sociais, promovendo um diálogo aberto com a sociedade civil e ampliando a participação de todos nas decisões culturais.
Entre os principais desafios que a cultura do município enfrenta atualmente, o presidente aponta que “Balneário Piçarras é uma cidade em crescimento e a cultura precisa acompanhar esse desenvolvimento. Acredito que o principal desafio seja a falta de espaços e infraestrutura adequados para a difusão artística. Atualmente, a cultura paga mais de 12 mil reais de aluguel pelo uso do Centro Cultural Luiz Telles, um prédio sem acessibilidade, o que dificulta a participação de crianças e adultos em oficinas e no seu processo de emancipação como cidadãos. A necessidade de um espaço próprio não é um gasto, mas sim um investimento. Além disso, a dificuldade de descentralizar o acesso à cultura, especialmente para as comunidades periféricas, é um ponto que me preocupa e precisa de nossa atenção”.
Com relação às ações para desenvolver o setor artístico local, Fabinho enfatiza que deseja ampliar a rede para fortalecer a economia criativa e promover o desenvolvimento de projetos sustentáveis no município. “Defendo a criação de um espaço próprio onde a cultura possa crescer plenamente. Além disso, vejo como essencial firmar parcerias com escolas e universidades para aproximar a cultura da educação, fortalecer eventos já existentes, como o Voz Estudantil, e incentivar novos festivais que valorizam os talentos locais, especialmente em regiões onde a cultura, muitas vezes, não consegue chegar”.
Fabinho enfatiza que a comunidade tem um papel fundamental para que o Conselho possa desenvolver um programa cultural que beneficie a todos. “Eu sinto que é necessário que ela tenha voz e possa sugerir as demandas para Balneário Piçarras. Acredito que, mais do que falar, a gente precisa saber ouvir, e a sociedade precisa ser escutada sobre suas prioridades no município. Quero que esse contato seja permanente, para que as pessoas saibam que podem ser acolhidas. Acredito que esse seja o papel principal da cultura: acolher as diversidades e promover a pluralidade de ideias. Nós temos nossas setoriais artísticas que atuam como braços do COMPOC. A sociedade está convidada a fazer parte desse movimento”.
Em relação a um projeto ou iniciativa cultural considerado prioritário neste momento, o novo presidente declara a criação de um espaço próprio, um ambiente multifuncional que, assim como o novo CEU da Cultura que já está sendo discutido, funcione como ponto de encontro, formação e difusão cultural.
“A Fundação Cultural já possui a propriedade de um prédio no centro, onde antigamente ficava a Sociedade Amigos de Piçarras, e que atualmente está ocupado ilegalmente por uma empresa privada que se beneficia às custas do nosso dinheiro. É fundamental que tenhamos a posse definitiva da SAP, pois ela é nossa. Esse centro poderá oferecer cursos, oficinas, exposições e apresentações, aproximando a cultura dos moradores, especialmente das comunidades mais vulneráveis”, opinou.
O COMPOC pode atuar como facilitador entre a comunidade cultural, a Prefeitura e outras entidades, criando um diálogo constante e transparente. “Para isso, é fundamental que a gente organize encontros regulares, promovendo fóruns e consultas públicas para ouvir a população e as entidades culturais sobre as necessidades do setor. Participar ativamente das discussões e tomadas de decisão sobre as políticas públicas relacionadas à cultura, buscando recursos e viabilizando ações concretas, como a elaboração de propostas e projetos que atendam às demandas locais. Um trabalho integrado e próximo da prefeitura e de outras entidades é fundamental para o sucesso das iniciativas culturais no município”, aponta Fabinho.
“É fundamental que a gente organize encontros regulares, promovendo fóruns e consultas públicas para ouvir a população e as entidades culturais sobre as necessidades do setor”
Em sua fala, o presidente enfatiza “que a cultura é um direito de todos e deve ser tratada com a importância que merece. Acredito que o trabalho conjunto é essencial para que possamos transformar nossa cidade em um lugar mais inclusivo, criativo e acolhedor para todos. Quero que cada um sinta-se parte deste processo, que tenha voz e seja reconhecido pelo seu trabalho e contribuição para o enriquecimento cultural de Balneário Piçarras. Venha fazer parte desse processo, participe das setoriais do nosso município, enriqueça nossa cultura. Vamos nos organizar como movimento e nos fortalecer, porque indivíduos fortalecidos criam coletivos fortes, e coletivos fortes preparam novos indivíduos para que se fortaleçam, e assim sucessivamente, criando assim um ciclo virtuoso. Eu espero que possamos fazer um trabalho duradouro e deixar um legado para as próximas gerações”, finaliza.
Como secretária, está a jornalista, escritora e assessora da Fundação de Cultura, Danielle Heidenreich Garcia. O conselho ainda definiu duas conselheiras, como suplentes da presidência: Elizabete Tamanini, professora e pesquisadora com experiência Patrimônio Cultural e Memória, representando a Setorial de Patrimônio Material e Imaterial, e Lindamir Salete Casagrande, professora aposentada e escritora, representando a Setorial de Literatura.